Rio, 12/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - Há muitos anos, o Brasil não reunia condições tão favoráveis para ingressar em um processo sólido de crescimento sustentado, sem gerar, como no passado, desequilíbrios nas contas externas ou pressões inflacionárias.
A afirmação foi feita pelo presidente do Banco Central Henrique Meirelles, em palestra hoje no seminário "2004: A Retomada do Desenvolvimento", promovido pela Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro e Organizações Globo,
Segundo Meirelles, o bom momento da economia pode ser medido por alguns indicadores. "A ameaça da volta da espiral inflacionária foi debelada. A inflação, que no ano passado se aproximava dos 40% anualizados, voltou a patamares próximos à média dos países emergentes e converge para a trajetória das metas de longo prazo", disse.
Meirelles voltou a afirmar que o modelo de "soluços de crescimento" que caracterizou o desempenho do país nas últimas décadas já foi superado pelo atual governo que, em apenas 11 meses de gestão, conseguiu debelar a crise econômica e a ameaça da volta da aceleração inflacionária.
Ele lembrou que, através de um processo de ajuste doméstico e externo, o Brasil recuperou a confiança. "A rápida reversão das expectativas abriu caminho para a retomada da atividade. A economia brasileira tem todas as condições para crescer pelos menos 3% no ano que vem e ainda mais nos anos seguintes", expôs Meirelles.
O presidente do BC falou da melhora significativa do risco-país, que passou de mais de 2.400 pontos em setembro para cerca de 500 pontos, o menor índice desde 1998, representando redução do custo do financiamento e um estímulo adicional ao investimento. Ele lembrou que a volatilidade da taxa de câmbio tem caído de forma sistemática, bem como as taxas de juros de longo prazo se encontram em trajetória declinante.
Para Meirelles, a economia começa a mostrar sinais de reversão do processo de desaceleração observado no primeiro trimestre. Ele disse que o Brasil tem hoje todas as condições de iniciar a construção de um novo futuro, embora o processo seja complexo, o caminho, difícil, exigindo trabalho duro, perseverança e persistência na implementação de políticas consistentes. Meirelles destacou, contudo, que o trecho mais árduo já ficou para trás. "Temos agora que trabalhar pela consolidação do crescimento sustentado".