Brasília, 12/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que o Brasil está diante de um cenário "totalmente inovador" para 2004. Segundo ele, trata-se de uma combinação inédita na história econômica do país: política monetária de juros declinantes e sem retrocesso; ambiente de estabilidade de preços; avanço sustentável do comércio exterior e uma estratégia de massificação e expansão do crédito popular. O horizonte internacional, segundo Lula, também é favorável. "Já não se trata apenas de uma convergência fortuita. Trabalhamos metodicamente para isso", afirmou.
O presidente elogiou o ministro da Fazenda, Antônio Palocci. "Se não fosse a paciência de um médico que trata de um doente em estado grave, talvez a situação do país fosse outra", disse.
O presidente Lula lembrou que, para chegar ao cenário atual, foi preciso um esforço concentrado. "Foi para isso que tomamos as medidas necessárias, duras, e que exigiram sacrifícios neste nosso primeiro ano de governo. Para termos condições agora de reduzir as taxas de juros – como já estamos fazendo – de forma significativa e persistente, levando as instituições financeiras a fazerem o mesmo", ressaltou.
Mais uma vez, Lula comparou o país a um time de futebol. "Isso é como um time que estava com medo de perder o jogo. Fez um gol, fez dois e agora o técnico pode dizer: vamos para o ataque porque dá para fazer mais e talvez até golear o adversário".
Segundo o presidente, o país caminha, agora, para o desenvolvimento com justiça social, baseado na expansão do comércio exterior, no alargamento cada vez maior do consumo popular, no investimento em saneamento e habitação para as camadas mais pobres e no avanço da
infra-estrutura brasileira.
O presidente participou hoje da solenidade de comemoração da abertura de um milhão de contas Caixa Aqui. A conta simplificada foi criada em maio deste ano. O governo esperava chegar a dezembro com 500 mil contas abertas. Mas a procura foi tanta que este número dobrou.
As contas Caixa Aqui são destinadas à população de baixa renda, que não tinha acesso ao serviço bancário. Segundo dados da Caixa, 83% dos titulares das contas simplificadas têm renda de até R$ 500,00.
Para abrir a conta, não é preciso comprovante de renda, de residência, nem é necessário um depósito mínimo. Basta apresentar um documento de identidade. Os correntistas estão isentos de tarifas e recebem um cartão magnético para saques e depósitos. Depois de três meses, os clientes podem fazer empréstimos de até R$ 200, sem qualquer burocracia. A Caixa confere,
apenas, se a pessoa tem o "nome sujo" no mercado.
A grande adesão à conta Caixa Aqui, segundo o presidente, acaba com o preconceito que existia em relação à população de baixa renda. "A adesão maciça à conta simplificada desmente a suposta falta de interesse. As estatísticas estão aí para provar: o menor risco do mercado é o pobre. Ele deixa de comprar, se for preciso, para saldar um débito antigo", afirmou.
O presidente informou que até outubro deste ano, 73% das pessoas que tinham conta em atraso quitaram suas dívidas – uma taxa superior aos 50% de 2002 e quase o dobro da média dos anos anteriores.
A inclusão da população de baixa renda no sistema bancário é uma das medidas do governo no combate à desigualdade social. "Mudar o Brasil, transformando-o numa República de iguais, requer, entre outras providências, a democratização do acesso ao crédito. E o primeiro passo para isso é incorporar milhões de cidadãos e cidadãs, que sequer têm conta bancária",
disse o presidente.
A desigualdade social no Brasil, segundo o presidente Lula, é maior do que as estatísticas revelam. "Elas não contabilizam a fatia importante da renda literalmente sugada pelas prestações escandalosas e crediários abusivos a que o povo pobre é submetido. É isso que estamos mudando: o recurso financeiro deve servir à produção e ao consumo de massa", ressaltou.
Sem citar um número exato, o presidente disse que a meta do governo é a inclusão de milhões brasileiros no sistema bancário até o final de seu mandato.