Brasília, 12/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O G-20, grupo dos países em desenvolvimento que brigam por maior acesso aos países ricos - nascido durante a Conferência Ministerial de Cancún, no México, da Organização Mundial do Comércio (OMC) - vai manter posição conjunta pela liberalização do comércio agrícola na próxima reunião da OMC, a ser realizada em Genebra, na Suíça, no dia 15 de dezembro. O compromisso está registrado no Comunicado da Reunião Ministerial do G-20, organizada hoje no Itamaraty.
Os representantes dos 19 países que participaram do encontro também assinaram, com o comissário de Comércio da União Européia, Pascal Lamy, um breve comunicado conjunto, de
apenas 15 linhas, em que ambos os lados se comprometem a dar continuidade às negociações da Rodada de Doha, interrompidas na última reunião ministerial da OMC, em Cancún, no mês de
setembro.
"Houve concordância generalizada de que se necessita intensificar as negociações no início do próximo ano, de forma a avançar o mais rapidamente possível para um diálogo ampliado entre todos os parceiros com vistas a obter progressos reais e substantivos", diz a nota conjunta.
Já o comunicado do G-20, mais extenso, de três páginas, apresenta a mesma disposição dos países em desenvolvimento de retomar as negociações no início de 2004 para que seja
cumprido o calendário de Doha, que prevê o fim das negociações ainda em 2004. Mas foi mais enfático no que diz respeito às reivindicações do Grupo, conclamando todos os
membros da OMC a abrirem caminho "para uma efetiva liberalização do comércio agrícola, capaz de refletir as necessidades e sensibilidades dos países em desenvolvimento e
os interesses da comunidade internacional como um todo".
Em outro trecho, o comunicado defende o fim das barreiras aos produtos agrícolas por parte dos países ricos, e o fim dos subsídios agrícolas. "O comércio de produtos agrícolas continua a ser prejudicado por toda a sorte de barreiras e distorções", afirmam os ministros, ao argumentarem que "uma efetiva liberalização" estaria cumprindo os objetivos da Rodada da Doha.
O ministro Celso Amorim disse, durante o almoço oferecido ao Grupo, que a abertura comercial na área agrícola é interesse comum de todos os países em desenvolvimento, bem como o fim
dos subsídios e o acesso aos mercados. "Essa é uma maneira de dizer que, talvez pela primeira vez na historia da OMC, o tema da justiça social e o tema da liberalização comercial
andam não um contra o outro mas um a favor do outro", declarou.
Ao comentar o encontro com Lamy, Amorim disse que o G-20 está disposto a negociar "com qualquer outro parceiro comercial que esteja disposto também a trabalhar e a dialogar conosco",
num recado aos Estados Unidos, que também mantêm políticas de proteção à sua agricultura.