Bancos do Rio alertam para queda na renda real do trabalhador

12/12/2003 - 6h41

Rio, 12/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - Em sua quarta e última reunião deste ano, a Comissão de Economia e Mercados da Associação e do Sindicato dos Bancos do Rio de Janeiro (Aberj/Sberj) avaliou ontem (11) que apesar da continuidade do processo de recuperação da produção de bens de capital, a queda da renda real dos trabalhadores e, em conseqüência, do consumo, reforça a perspectiva negativa para as vendas de final de ano. Isso levou a comissão a rever o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para 0,21%. Em relação ao próximo ano, no entanto, a média das previsões subiu de forma expressiva em relação a 2004, passando dos 2,65%, fixados em novembro, para 3,49%.

Do mesmo modo que os técnicos do Banco Central, a comissão da Aberj/Sberj, presidida pelo economista Alexandre Póvoa, continua cética em relação ao cumprimento do centro da meta de inflação de 5,5% em 2004. "A indexação dos contratos faz com que, confirmado o reajuste de 8,6% nas tarifas públicas (previsto na Ata do Copom), o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) já esteja com 2,5% "contratados" em termos de variação de preços. Em outras palavras, resta ao Banco Central impedir que a inflação nos preços livres ultrapasse os 3% restantes (cerca de 0,25% mensais), o que pode ser classificado como uma meta bastante ambiciosa".

Na avaliação dos economistas que integram a Comissão, o atual nível de risco Brasil e do Ibovespa resulta em grande parte da farta liquidez mundial. Eles acreditam que, no curto prazo, essa trajetória ascendente só poderia ser interrompida diante de três cenários.O primeiro envolveria um aperto da política monetária nos Estados Unidos antes do previsto, o que é considerado improvável. Outros fatores que poderiam afetar a atual tendência de alta seriam um ataque terrorista que ampliasse a aversão a risco mundial e uma perda de fôlego do mercado pela saturação de preços. Daí, a Comissão considerar que os riscos externos estão minimizados, pelo menos no curto prazo.

Embora aprovem a política macroeconômica seguida pelo Ministério da Fazenda e Banco Central, os economistas alertaram, porém, quanto à necessidade de urgência, pelo governo, na aprovação das reformas estruturais e na definição de pontos fundamentais para a atração de investimentos, como o marco regulatório.

Os dados refletem o consenso de opiniões dos bancos Arbi, Banif Primus, BVA, Cruzeiro do Sul, Guanabara, Modal, Pactual e Prosper, que integram a Comissão de Economia da Aberj/Sberj.