Brasília, 9/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - Traçar o perfil do educador brasileiro. Esse foi o principal objetivo da pesquisa Retrato da Escola 3, realizada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). As informações da pesquisa foram organizadas no livro "Identidade Expropriada - Retrato do Educador Brasileiro", lançado hoje, e que será distribuído nos sindicatos de professores espalhados pelos 10 estados, onde ocorreu o levantamento (TO, ES, RN, PR, AL, MT, PI, MG, GO e RS).
Cerca de 4.500 profissionais responderam perguntas sobre suas condições de trabalho, desde informações sobre a função exercida na escola até dados pessoais relativos à saúde. Nos estados pesquisados, 83% dos profissionais são mulheres e 53% têm idade entre 40 e 59 anos. A pesquisa revela que a maioria recebe em média de R$ 500 a R$ 700, trabalhando uma jornada de 40 horas por semana.
"Há muitos anos os educadores eram, junto com prefeitos, lideranças comunitárias e religiosas, a referência cultural e científica da comunidade. Hoje, com tantos problemas, como baixos salários, problemas de saúde, falta de políticas de formação e a falta de acesso a modernidade técnica, muitos educadores estão sendo expropriados da sua condição profissional e é isso que nós queremos resgatar", explica a presidente da CNTE, Juçara Vieira.
O estudo mostra ainda que devido ao excesso de trabalho, pelo menos 22% dos educadores tiveram que pedir licença e se afastaram das salas-de-aula. Índice que aponta para a "Síndrome de Burnout", doença atribuída ao desgaste emocional dos professores. "Com bases nas informações, estamos pleiteando a abertura de vagas noturnas nas universidades públicas para a formação do professor, reconhecimento da doença profissional", informou Juçara.