Parteiras reivindicam reconhecimento da profissão

09/12/2003 - 18h40

Brasília, 9/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - A regulamentação da profissão de parteira foi um dos assuntos discutidos hoje durante a 12ª Conferencia Nacional de Saúde. Cerca de 60 mil parteiras trabalham voluntariamente no Brasil, segundo o último levantamento do Ministério da Saúde. De acordo com a coordenadora da Rede Nacionais de Parteiras Tradicionais, Suely Carvalho, o reconhecimento da profissão é o pagamento de uma dívida histórica com essas mulheres. "Existe uma dívida com essa classe que sempre foi vista como um trabalho voluntário", afirmou.

Suely Carvalho explicou que a grande maioria das parteiras estão localizadas em lugares de difícil acesso e, por isso, houve uma excessiva demora para organizar uma manifestação pelos direitos dessas profissionais. "Por conta dessa falta de articulação é que já temos 500 anos de Brasil e essa profissão ainda não foi reconhecida".

Na Conferência, a Rede Nacional de Parteiras Tradicionais vai buscar aprovar uma moção de apoio ao projeto de lei da deputada Janete Capiberibe (PSB-AP), que trata da regulamentação da profissão de parteira.

Com mais de 6 mil partos feitos em 27 anos de profissão, Suely Carvalho disse que não é apenas por falta de assistência do estado que as mulheres buscam as parteiras na hora do parto, mas também por tornar "mais humanizado" o nascimento. "Eu realizo partos em Olinda e Recife, em mulheres esclarecidas, com planos de saúde, mas que optam pelas parteiras por tradição".

De acordo com os dados da Rede Nacional de Parteiras Tradicionais, as regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste concentram o maior número de parteiras, sendo que no Norte o papel delas é de fundamental importância pela dificuldade de assistência do estado.