Brasília, 9/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - A presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Maria Elisa Costa, disse hoje que o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, concedido anualmente pela instituição, é uma tentativa de promover o país. "O Brasil precisa conhecer o Brasil", disse ela. Desde 1987, o Iphan entrega o prêmio, uma homenagem ao fundador da instituição.
O objetivo da premiação, segundo Elisa Costa, é destacar ações da sociedade na preservação do patrimônio histórico, cultural e arqueológico brasileiro. Ela explica que o prêmio abre portas, pois facilita à sociedade conseguir recursos para outros projetos de preservação. "Pelo simples fato de durar 12 anos, o prêmio pode não causar essas ações, mas já provou que estimula bastante". Os vencedores deste ano receberão R$ 6 mil, um certificado e um troféu.
Em todo o país, 126 projetos se candidataram. Quarenta e um foram pré-selecionadas pelas comissões regionais nomeadas pelas quinze superintendências do Iphan e desses, seis foram escolhidos pela Comissão Nacional de Avaliação. Maria Elisa Costa conta que qualquer pessoa pode se inscrever, basta querer. "Quem se der conta de que é preciso preservar o rastro histórico do país para poder construir um futuro, está livre para se candidatar à premiação", argumenta a presidente.
O resultado dos vencedores da edição de 2003 foi divulgado no último dia 29, após reunião da comissão. De acordo com a assessora de promoção do Iphan, Grace Elizabeth, o prêmio é um trabalho em equipe de quem tem paixão pelo que faz. Ela também explica que, este ano, o prêmio homenageia o pintor Cândido Portinari, pois o instituto resolveu juntar as pessoas que criaram esse serviço de conservação do patrimônio com a sociedade. "É uma grande festa para nós, pois é uma noite de confraternização do instituto com todas as pessoas que se preocupam com o patrimônio", afirma.
A cerimônia de entrega do prêmio, amanhã (10), às 20 horas, contará com a apresentação do violonista Turíbio Santos e da orquestra Villa-Lobinhos, formada por meninos de comunidades carentes do Rio de Janeiro.
Ações Premiadas:
O Pensamento Magüta nos Meios Digitais, do Museu Paraense Emilio Goeldi, coordenado pela pesquisadora Priscila Faulhaber Barbosa, na categoria Inventários de Acervos e Pesquisa (Pará). Uma pesquisa realizada no acervo do Museu, com peças utilizadas no ritual de puberdade do povo Ticuna, coletadas pelo etnólogo alemão Curt Nimuendaju, resultou na produção do CD-ROM Magüta Aru Inü. Jogo de Memória: Pensamento Magüta, com textos, imagens, vídeo, animações, palavras e cantos, compondo um jogo mental que busca relacionar o usuário com a simbologia, mitos, rituais e narrativas da etnia.
Museu Théo Brandão, de Adriana Guimarães Duarte e Josemary Passos Ferrare, na categoria Preservação de Bens Móveis e Imóveis (Alagoas). Construído em Maceió no final do século XIX como residência e depois utilizado como hotel, restaurante e residência universitária feminina, o imóvel foi adaptado para instalar o Museu de Antropologia e Folclore Théo Brandão. O acervo doado pelo importante folclorista alagoano reúne expressões artísticas e utilitárias populares, do Brasil e do exterior.
Programa Municipal de Incentivo à Cultura, da Secretaria de Cultura da Cidade de Londrina, na categoria Apoio Institucional e Financeiro (Paraná). O incentivo será dado por meio da Lei nº 8984/02, que estabelece o Fundo Especial de Incentivo à Cultura, com o objetivo de viabilizar economicamente a produção cultural do município. Em 2002, os recursos do Fundo financiaram 15 projetos na área de patrimônio cultural, distribuídos entre a publicação de livros sobre a arquitetura de Londrina, a produção de DVD, vídeos, de páginas na Internet e de CD-ROM mostrando as praças do centro da cidade, além da conservação e organização de acervos fotográficos e de documentação e de projetos de restauração de edificações, como o da Capela do Divino Espírito Santo.
Projeto de Adoção da Capela de São Francisco e Proteção às Minas dos Bandeirantes, do Conselho de Crianças de Pitangui, do Instituto Esther Valério, na categoria Educação Patrimonial (Minas Gerais). Objetivo é preservar o homem, o ar, as águas, as matas, os animais e defender o patrimônio histórico e cultural. O conselho envolve crianças de 7 a 14 anos e procura mobilizar outros jovens e discutir com as autoridades locais problemas relativos ao patrimônio cultural e natural de Pitangui.
Projeto Uma História a Proteger, da revista Aplauso, na categoria Divulgação (Rio Grande do Sul). Apresentou uma série de reportagens, em 12 edições da Revista Aplauso, sobre alguns dos prédios mais significativos da antiga arquitetura e da história sul rio-grandenses. O projeto visou resgatar a riqueza e a história de importantes edificações e alertar para a necessidade de sua conservação. A empresa Votoran, há 85 anos ligada à construção e preservação, deu apoio financeiro à empreitada.
Parque Arqueológico da Serra de Santo Antônio, do Núcleo de Pesquisas Arqueológicas do Alto Rio Grande, na categoria Proteção do Patrimônio Natural e Arqueológico (Minas Gerais). O núcleo foi formado em 1986, a partir da mobilização de um grupo de amigos, à época com 20 anos, para que as pinturas rupestres da Serra - cerca de 650 figuras - fossem pesquisadas, documentadas e preservadas. O Parque Arqueológico é fruto de uma grande campanha realizada pelo Núcleo, com a parceria da população e do comércio de Andrelândia. Declarado Reserva Particular do Patrimônio Natural pelo Ibama em outubro de 2001, conta hoje com infra-estrutura adequada para visitação e o reconhecimento da comunidade científica.
Seleção - A Comissão Nacional de Avaliação foi composta por instituições convidadas pelo Iphan, representadas pelas seguintes personalidades: Andréa Direito, da Funarte; Aroldo de Oliveira Braga, da Conferência Nacional de Bispos do Brasil; José Carlos Coutinho, da Universidade de Brasília; José Eustáquio de Freitas, do Ministério da Educação; Jurema Machado, do Escritório da Unesco no Brasil; Lêda Alves, da Frente Parlamentar em Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Natural e Arqueológico Brasileiro; Lilian Barretto, da Fundação Biblioteca Nacional; Luiz Fernando de Almeida, do Ministério da Cultura; Manuel Domingos Neto, do CNPq; Mara Flora Krahl, do Ministério do Turismo; Mércia Barradas, do Ibama; Milton Botler, do Ministério das Cidades; e Ubiratan Castro de Araújo, da Fundação Cultural Palmares.
Projeto Villa-Lobinhos - Criado em janeiro de 2000 com cerca de 100 crianças e adolescentes, de 8 a 18 anos de idade, o Villa-Lobinhos é um projeto que promove a educação musical para jovens instrumentistas entre 12 e 20 anos de idade de comunidades carentes do Rio de Janeiro.
Os alunos recebem vale-transporte e uma ajuda de custo para gastos pessoais. Na sede do projeto, que funciona na Gávea, recebem aulas de percepção musical, instrumentos, orientação escolar, prática de conjunto e informática, entre outras atividades. O projeto é inteiramente financiado pelo mecenato privado, graças ao interesse e ao investimento de pessoas físicas na promoção da cultura e da educação.
Serviço:
Cerimônia de entrega do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade
Dia 10 de dezembro, às 20h
Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional Claudio Santoro, em Brasília.
Endereço: Setor Cultural Norte, Via N2, Brasília – DF
Telefones: 325-6153, 325-6109, 224-2738 e 321-3738