Rio, 9/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - Os investimentos estrangeiros diretos no Brasil em 2002 caíram cerca de R$ 30 bilhões em relação a 2001 e, paralelamente, a necessidade de financiamento do país caiu R$ 38 bilhões. O resultado foi impulsionado, principalmente, pelo crescimento de R$ 34,3 bilhões da poupança das famílias e pela redução de R$ 13,8 bilhões da necessidade de poupança do governo. Os dados são do fechamento das Contas Nacionais de 2002, divulgadas nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que concluiu que a redução do déficit em transações correntes no ano passado foi suficiente para compensar a queda dos investimentos estrangeiros. O estudo mostra que o balanço de pagamentos apresentou superávit de US$ 300 milhões.
Segundo o IBGE, a necessidade de financiamento do país diminuiu devido a intensa redução do déficit de transações correntes - de R$ 53,4 bilhões, em 2001, para apenas R$ 15,4 bilhões, em 2002. "Por meio do ajuste das contas públicas e do ajuste do setor externo, a economia brasileira alcançou em 2002 uma considerável redução da sua necessidade de financiamento, de 4,5% do PIB, em 2001, para 1,2% do PIB, em 2002", diz a nota do Instituto.
As empresas do setor produtivo, não relacionadas ao setor financeiro, gastaram R$ 71 bilhões com pagamento líquido de juros em 2002. O total representa um salto de 44% sobre os R$ 49,2 bilhões pagos em 2001. O estudo conclui que o desfalque com juros elevados levou à redução da taxa de investimento e da poupança das empresas.
A taxa de investimento das empresas caiu de 26% para 23,6%, enquanto a de famílias passou de 19,1% para 18,8% e a de administrações públicas de 15,2% para 15,1%. Com isso, houve queda da taxa de investimento da economia: de 19,5%, em 2001, para 18,3% em 2002. Apesar de apresentarem um crescimento nominal em seu valor adicionado de 13,1%, o forte aumento nos juros líquidos pagos pelas empresas fez com que a poupança passasse de R$ 142,5 bilhões para R$ 138,4 bilhões em 2002, informa o IBGE. Mesmo assim, as empresas não pioraram seu endividamento, graças a gastos menores com transferências de capital.
Na avaliação do IBGE, "o baixo nível de atividade econômica em 2002, aliado ao aumento da taxa de juros e à depreciação do Real, teve impacto na poupança das empresas não-financeiras. As mesmas razões da deterioração na poupança das empresas não-financeiras causaram um impacto positivo na poupança das empresas financeiras". A poupança das instituições financeiras passou de R$ 23,2 bilhões para R$ 27,6 bilhões - um aumento nominal de 19%.