Rio, 9/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O fraco desempenho das indústrias química (-0,7%), de alimentação (-1,6%) e farmacêutica (-4,4%), em outubro, em comparação ao mês anterior, não significa reversão da tendência de crescimento econômico no país, assegurou hoje o economista Rubens Sardenberg, coordenador da Comissão de Acompanhamento Macroeconômico da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima).
Ele explicou que a combinação entre a execução correta da política econômica e o cenário externo favorável, com fluxo de recursos para mercados emergentes em geral e para o Brasil em particular, salvou o ano de 2003, cujo início foi marcado pela desconfiança dos investidores quanto aos rumos que seriam tomados pelo novo governo.
"O governo Lula, porém, reafirmou o que havia colocado na campanha e executou uma política econômica em linha com o compromisso da estabilidade", disse Sardenberg. Além disso, manteve uma política fiscal austera, reafirmou a política de metas inflacionárias com estabilidade de preços e finalmente, apesar dos percalços, o governo vem mantendo um compromisso com o avanço das reformas, principalmente a reforma da Previdência, caminhando na direção correta, acrescentou.
Para ele, esses fatos deram a 2003 uma melhora expressiva em relação ao cenário que havia sido projetado no início do exercício, sinalizando recuperação do PIB em 2004, com crescimento médio de 3,5% puxado pelos setores industrial e agrícola, melhoria do nível de emprego, com redução da taxa média de desemprego para 10,9%.
Sardenberg advertiu que, a curto prazo, ou seja, nos próximos 12 meses, o risco que poderá afetar esse cenário é externo, mas os estudos efetuados não apontam que isso vá acontecer. A médio e longo prazos, o sucesso da política econômica brasileira depende das reformas e da redução do tamanho do próprio Estado, previu.