Consumo caiu 0,4% no ano passado, revela IBGE

09/12/2003 - 13h17

Rio, 9/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O consumo da população caiu 0,4% em 2002. O resultado foi influenciado pelos juros altos, instabilidade do câmbio e pelo repasse da valorização do dólar para os preços, combinado com a queda na renda do trabalhador de 1,3% no ano, apesar de um crescimento de 1,2% na massa salarial. Os dados estão no Fechamento das Contas Nacionais de 2002, divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o economista do IBGE, Carlos Sobral, o segundo semestre de 2002 foi marcado por incertezas nos mercados interno e externo, o que levou as famílias a optar pelo pagamento de suas dívidas e consumir menos. "Além de uma política monetária restritiva, com o aumento dos juros e uma desvalorização cambial da ordem de 52%, tivemos a questão política interna, que gerou expectativas nos mercados interno e externo em relação à vitória de um candidato de oposição no tocante à política econômica. Por isso, foi natural que as famílias endividadas procurassem harmonizar suas dívidas e diminuíssem o consumo".

O estudo do IBGE traz a revisão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2002 em valores: R$ 1,3 trilhão, o que significa que a economia nacional cresceu 1,9% no ano e não 1,5% como havia sido divulgado anteriormente. A maior contribuição para o resultado veio do aumento das exportações e da conseqüente queda no volume das importações. O saldo da balança comercial cresceu 396,8% e proporcionou redução de 66,6% no déficit em transações correntes em relação a 2001. O setor de maior dinamismo foi o agropecuário, que cresceu 5,5%, enquanto a indústria e os serviços cresceram 2,6% e 1,6%, respectivamente.

Segundo o IBGE, o crescimento do PIB de 2002 poderia ter sido maior, se não fosse a queda de 4,2% nos investimentos públicos e privados. De 1995 a 2002, o PIB acumulado é de 20,17%. A maior taxa nos primeiros oito anos de Plano Real registrou-se em 2000, quando a economia nacional cresceu 4,36%.