São Paulo, 9/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, criticou, hoje, as articulações com vistas a transformar a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CMPF) em um imposto permanente. Para ele, a CPMF é nociva ao desenvolvimento do capital e que sua adoção se justificou apenas no auge do período de crise econômica. "Seria uma pena que agora, nessa discussão da reforma tributária, se decidir pela permanência da CPMF dentro do intervalo da alíquota de 0,08% a 0,38%", afirmou.
Na opinião do ex-presidente do BC, a CPMF deveria ser um imposto transitório, o qual seria substituído por impostos mais tradicionais, como os impostos sobre valor agregado e sobre a renda. "Eu vejo com muita preocupação. Sempre entendi que a CPMF era um imposto emergencial, Como economista, sempre me pareceu que era um imposto muito discursivo e particularmente prejudicial no que diz respeito ao custo do dinheiro no Brasil. E nós não vamos conseguir crescer, sem resolver essas questões", disse.
Armínio Fraga afirmou também que, no curto prazo, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) tem um papel a cumprir, porém de forma complementar e não substitutiva ao desenvolvimento do mercado de capitais.
"O BNDES diferencia dos outros bancos, porque ele tem recursos de longo prazo. E em uma fase que o país ainda não conseguiu construir, um mercado de longo prazo, um mercado de capitais, que é o nosso caso. O BNDES tem um papel a cumprir. É importante que isso seja feito sempre, tendo como pano de fundo de que é preciso que os investimentos sejam bons, que eles sejam produtivos. É preciso que eles sejam feitos, sempre que possível, de maneira complementar, ou seja, sempre perguntando se a governança corporativa é boa," disse.
O ex-presidente do BC participou, em São Paulo, de seminário sobre as perspectivas econômicas para 2004. Ele diz ter uma visão positiva da economia. Disse ainda acreditar que haverá crescimento no próximo ano, embora sugira cautela. "Eu acho que a recuperação é mais fácil, o crescimento sustentável é perfeitamente possível, mas vai dar trabalho. Vamos ter que arregaçar as mangas e lutar por ele", completou.