Brasília, 11/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - Mais de 17 mil crianças, que moram na região da Amazônia Legal, vão ganhar 30 mil livros, com sete títulos diferentes, da escritora infantil Patrícia Secco. O ministro da Cultura, Gilberto Gil, assinou hoje o protocolo de cooperação com a Organização Não-Governamental (ONG), Vaga Lume, que fará a distribuição dos livros doados pela escritora.
Por meio de personagens e muita ilustração, os livros ensinam a preservar o meio ambiente, a falar a verdade, a não pichar e sujas monumentos e, até mesmo, contam a história do automóvel. "Juca Brasileiro na Amazônia", por exemplo, traz as aventuras deste personagem das grandes cidades ao conhecer as crianças da zona rural, que vivem de forma tão diferente. Já no livro "No parque Nosso Verde", Patrícia Secco mostra como se pode limpar o meio ambiente para dele usufruir, sem esperar pelas autoridades.
"Semente da Verdade" ensina o que é ética, enquanto "Ordem é Progresso" traz noções de organização. "Muita Água e Sabão, Mas Pichação Não" resume, no próprio título, sua lição. O sexto livro, "Carros, Carangos e Motores", mostra como homens pré-históricos já faziam rodas com pedras, há mais de 4.500 anos, e trás um relato sobre a chegada do automóvel no Brasil, o primeiro pára-brisas (que foi inventado por uma mulher) e toda a história da evolução tecnológica empregada na fabricação de automóvel.
Entre os títulos, um é destinado aos professores. "Amigos Livros" traz metodologias de ensino a serem aplicadas nas escolas para despertar nas crianças o prazer da leitura. Na primeira parte do programa de estímulo à leitura, 550 professores da região foram capacitados para trabalhar nas escolas e torná-la uma atividade rotineira e prazerosa. "Fazíamos cursos de formação de mediadores e entregávamos a biblioteca, feita com estantes fabricadas em presídios de Belém. Ficávamos uma semana em cada município", conta a coordenadora da Vaga Lume, Silvia Guimarães.
Em 2002, a Expedição Vaga Lume instalou 32 bibliotecas nas escolas públicas de ensino fundamental (até a 4ª série) da Amazônia Legal, formada por 22 municípios de nove estados – Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão. Todo o trabalho, que durou dez meses, foi feito com incentivos fiscais previstos na Lei Roaunet. A ONG Vagalume é composta apenas por quatro integrantes, três coordenadoras e uma secretária que conseguiram beneficiar 102 comunidades com 12 mil livros. Cada uma das bibliotecas têm 300 exemplares de diferentes livros.
A segunda parte do projeto conta, agora, com a doação de livros, entre eles os 30 mil de Patrícia Secco, e de filmes. A Vaga Lume quer levar também, em 2004, a magia dos filmes para os meninos da Amazônia Legal. Para isso, as coordenadoras da ONG esperam conseguir patrocínio para implementar o projeto. Elas querem, ainda, revisitar as escolas beneficiadas para avaliar como as crianças estão respondendo ao incentivo à leitura.
Em outra ação da ONG, crianças de escolas públicas de São Paulo (onde fica a sede da Vaga Lume) compram livros e os doam para crianças da Amazônia Legal. Junto com o presente vai um cartão escrito pelos pequenos compradores, já selado. Ao receberem o livro, a criança presenteada responde o cartãozinho agradecendo. "É uma forma de intercâmbio das crianças urbanas com as rurais", afirma a coordenadora da entidade, Laís Fleury.
Esta também não é a única ação e nem a primeira doação feita pela escritora Patrícia Secco. Ao contrário, há cinco anos escrevendo para o público infantil, Patrícia tem toda a sua obra voltada para a doação de seu trabalho. Com a Lei Roaunet, de incentivo à cultura, 13 milhões de livros já foram distribuídos em escolas públicas, hospitais, bibliotecas, creches e hospitais. "Não vou atrás das pessoas perguntando se querem livros, são elas quem me procuram pedindo. Se elas se dão ao trabalho de ir atrás é porque têm interesse em fazer um bom proveito destes livros", garante a escritora.
A idéia do ministério da Cultura é criar um intercâmbio entre as várias ONGs e pessoas que trabalham pela formação da leitura no Brasil e não apenas criar um novo programa de política pública paralelo. "Por que o governo vai agora fazer o projeto, começar tudo de novo, ter o custo quando já tem uma série de coisas sendo feitas?", indagou o ministro da Cultura, Gilberto Gil.
O objetivo, segundo o ministro Gil, é fazer com que esses grupos "se interajam e possam repartir suas experiências. Estamos pensando em como juntar isso num guarda-chuva. As pessoas dizem que não há iniciativas públicas, mas as ações livres do cidadão são públicas", afirmou. Gilberto Gil. Brincando com as coordenadoras, ele recitou os versos "Você diz que sabe tudo, vaga-lume sabe mais. Vaga-lume acende a bunda, coisa que você não faz", afirmou o ministro, em tom divertido.l