Sarney atribui baixa credibilidade ao fato de Legislativo se expor muito

10/11/2003 - 18h39

Brasília, 10/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - A exposição pública e os intensos debates que ocorrem antes de qualquer decisão tornam o parlamento vulnerável a críticas, o que acaba refletindo negativamente junto à opinião pública. Com este raciocínio, o presidente do Congresso Nacional, senador José Sarney (PMDB-AP), considerou natural que a instituição tenha sido classificada entre as menos confiáveis em pesquisa realizada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Mesmo assim, Sarney ressaltou que a aprovação de 34% dos 1.700 entrevistados representa praticamente o dobro do índice registrado no início do ano, quando pesquisa semelhante foi realizada.

"Acho que o Congresso tem essa posição porque é o único poder que decide abertamente e, por isso, está sujeito a críticas, dando oportunidade a grupos de pressão de estarem a favor ou contra", disse Sarney. Quanto ao Judiciário e ao Executivo, acrescentou o senador, as decisões são tomadas sem oportunidade de debate.

Já o líder do bloco do governo no Senado, Tião Viana (PT-AC), acredita que existe uma crise de confiança da sociedade em relação aos parlamentares, bem como um problema de comunicação entre o parlamento e a sociedade. "Não tenho medo desse tipo de avaliação, porque a sociedade distingue quem é quem na atividade parlamentar", disse. Para Tião Viana, a instituição que tem "a maior dívida" com a sociedade brasileira, hoje, é o Judiciário. "O Legislativo é o poder mais transparente, mais fiscalizado pela imprensa", ressaltou o líder.

Para o primeiro-vice-presidente do Senado, Paulo Paim (PT-RS), este quadro vai continuar ainda por muito tempo. No mesmo raciocínio de Sarney e Tião Viana, o parlamentar gaúcho atribui a baixa credibilidade do Legislativo perante a opinião pública ao fato de ser o poder mais exposto. "Tudo repercute aqui e traz desgaste", afirmou Paim.

O líder do PFL, José Agripino Maia (RN), acredita que os índices aferidos pela pesquisa da OAB refletem "a angústia da população com a perspectiva de ter votado em alguém e ver seu voto desmoralizado ou sua confiança traída". Ou seja, pelo raciocínio do pefelista, o Congresso estaria pagando pela frustração dos eleitores do presidente Lula, que se elegeu com um programa de retomada do crescimento e de geração de 10 milhões de empregos. "Ao invés disso, está fazendo justamente o contrário. Desemprega 700 mil pessoas, o acordo com o FMI está acertado e não houve retomada do crescimento", ressaltou.