Lula quer saber porque Petrobras não participou de leilão em São Tomé e Príncipe

02/11/2003 - 17h20

São Tomé e Príncipe, 2/11/2003 (Agência Brasil) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje em São Tomé e Príncipe que vai se informar, assim que chegar ao Brasil, sobre a razão pela qual a Petrobras não participou do leilão para a exploração de petróleo no mar deste país. O leilão foi ganho por outras duas empresas estrangeiras. "A Petrobras tem tecnologia para competir com qualquer empresa do mundo na prospecção em grandes profundidades, principalmente em países que exigem tecnologias de grande porte. Eu vou me informar no Brasil sobre o motivo pelo qual a Petrobras não entrou nesse leilão. Qual foi a lógica, porque o presidente da República não acompanha todos os passos da Petrobras", afirmou Lula.

Para o presidente brasileiro, a Petrobras precisa ser mais ambiciosa. "Deve não apenas atingir auto-suficiência na exploração petrolífera em terra, mas também necessita aumentar a prospecção para que a gente possa ter muito mais importância no comércio mundial de petróleo", complementou Lula.

Segundo o presidente Lula, não há nenhuma decisão de governo sobre se a Petrobras deve ou não entrar no leilão desse ou daquele país. "Eu tenho repetido todas as vezes que posso, que as empresas brasileiras não têm que ter medo de se transformar em empresas multinacionais", disse Lula.

Acompanhado de vários ministros e parlamentares, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou o prédio da Embaixada Brasileira em São Tomé e Príncipe, o único país da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) que não tinha representação diplomática brasileira. "Espero ao longo dos anos inaugurar mais missões diplomáticas no continente africano", disse o presidente.

Sobre os protocolos e os sete acordos assinados hoje em São Tomé e Príncipe, nas áreas de educação, saúde, agricultura e no setor do petróleo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse que alguns serão colocados em prática imediatamente e outros terão que cumprir algumas etapas.

"Eu tenho adotado uma prática um pouco diferente nesses dez meses de Brasil. Ou seja, nós fazemos reuniões de governo para governo e não apenas de um presidente com outro presidente. E depois temos um processo de acompanhamento sistemático para ver o que aconteceu. Não que eu não acredite na burocracia, porque a diplomacia brasileira é muito competente e é motivo de reconhecimento no mundo inteiro, mas é que as vezes o tempo de um diplomata não é o tempo político de quem tem um mandato de quatro anos e está a vendo a coisa acontecer", disse Lula.

O acompanhamento dos protocolos assinados pelo Brasil, segundo o presidente Lula, tem sido uma tarefa árdua, levada a frente pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. "Quando tomei posse, detectamos isso na relação com a América do Sul. Protocolos assinados há muitos e muitos anos. Coisas para serem ratificadas no Congresso Nacional e que nós tratamos de agilizar, para que começassem a acontecer. É assim que vai ser nossa relação com São Tomé e Príncipe", afirmou Lula.