Lula afirma que hoje democracia é ''valor inquestionável'' na África e na América do Sul

02/11/2003 - 17h16

Nelson Motta,
Enviado especial à África

São Tomé e Príncipe, 2/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse hoje no discurso que fez em São Tomé e Príncipe que chegava a esse país na dupla qualidade de presidente do Brasil e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para demonstrar solidariedade e apoio ao governo de São Tomé na normalização da situação do país, que busca cicatrizar as feridas da tentativa de golpe militar que o país sofreu em julho. "Presto aqui uma homenagem à ação conjunta da comunidade econômica dos estados da África Central e da Nigéria em defesa da democracia são-tomense", disse Lula.

O presidente brasileiro lembrou que a disposição imediata dos líderes africanos de buscar soluções no contexto regional e continental às recentes ameaças à democracia no continente é um sinal da crescente maturidade política da África. "Hoje na África como na América do Sul o respeito à democracia é um valor inquestionável", ressaltou o presidente Lula.

Lula disse que quando comandava a liderança sindical na principal região industrial do Brasil, o ABC paulista, havia um sofrimento com uma ditadura que durou vinte anos. "Quase em 1980, ainda sob o regime autoritário, fundamos o Partido dos Trabalhadores, elegemos a busca da convergência pelo diálogo e a democracia como instrumento de transformação de nossa realidade. Estou certo de que o presidente Fradique Menezes haverá de guiar com sabedoria e segurança a sociedade são-tomense rumo à consolidação do regime democrático. Nesse trajeto, o povo e as instituições nacionais estejam certos que contarão com o apoio integral do Brasil", destacou Lula.

Quanto às relações entre o Brasil e a África, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que, no início do ano, determinou máxima prioridade ao aprofundamento dessas relações. "Eu afirmo que isso constitui um dever moral e uma necessidade estratégica do Brasil. O desafio de promover a inclusão e a igualdade social nos aproxima. Precisamos estender a todos os benefícios da cidadania plena, garantindo o exercício de todos aos direitos humanos, não apenas os políticos, sociais e econômicos. Temos muito a aprender com a troca de experiências. Podemos desenvolver soluções inovadoras para problemas comuns. O combate à fome e à pobreza é uma tarefa inadiável. É necessário uma nova aliança mundial contra a exclusão social. Para isso precisamos fortalecer nossas capacidades de articulação nos organismos internacionais", disse Lula.

Lula defendeu uma luta para valorizar o multilateralismo, que, segundo ele, está para as relações internacionais como a democracia para o plano nacional. "Eu tenho insistido na questão da responsabilidade das grandes nações em desenvolvimento. Países como o Brasil não podem ficar alheios à situação dos países de menor desenvolvimento relativo. Isto porque dispõem de maior capacidade, podem e devem ter políticas solidárias", afirmou o presidente.