Pesquisas da Firjan e FGV indicam retomada do crescimento

29/10/2003 - 18h46

Rio, 29/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - Duas pesquisas divulgadas simultaneamente hoje, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), indicam que o país está conseguindo retomar o caminho do crescimento econômico e, conseqüentemente, deixando para trás o período recessivo que predominou no primeiro semestre deste ano.

Para a Fundação Getúlio Vargas, as informações apuradas em outubro, pela "Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação", apontam para um panorama bem diferente daquele moldado na última pesquisa, realizada em julho passado. De lá para cá, uma seqüência de eventos e notícias favoráveis conseguiram reverter a tendência de retração da atividade econômica e recuperar o otimismo do empresariado, contribuindo para este quadro o controle inflacionário iniciado no final do ano passado, levando à gradual distensão da política monetária e a conseqüente queda de 6 pontos percentuais (de 26% para 20% ao ano) da taxa de juros Selic.

Segundo a FGV, houve uma melhora na percepção do empresariado com relação à economia brasileira traduzida nos últimos números da Sondagem Conjuntural da Industria de Transformação.
Embora para 24% das 1.246 empresas pesquisadas a situação dos negócios em outubro ainda continua fraca para esta época do ano - percentual ligeiramente superior aos dos 22% das empresas que a consideram boa – o percentual chega a ser quase a metade dos 50% dos empresários que avaliaram negativamente a situação dos negócios, em julho, quando apenas 9% do total pesquisado estavam satisfeitos com os negócios.

Outro indicador positivo apurado pela Fundação Getúlio Vargas, diz respeito ao atual nível da demanda global, considerado forte por 16% das empresas e fraco por 15% delas. O saldo de 1 ponto percentual, entre os dois extremos constitui-se no primeiro resultado positivo desde outubro de 2000.

Já para a Firjan, não há duvidas: o pior já passou e o fundo do poço ficou para trás, com as vendas reais da indústria fluminense devendo fechar o ano de 2003 com crescimento variando entre 2% e 5%. Os "Indicadores Industriais Firjan" comprovam crescimento de 2,9% nas vendas reais da indústria fluminense em setembro; de 1,7% no resultado acumulado no ano; e de 4,8% de expansão das vendas com ajuste sazonal, do segundo para o terceiro trimestre do ano.
"Esta recuperação não é nenhuma maravilha, nem se dá de forma rápida, mas o sinal de recuperação da indústria é claro e mostra que o fundo do poço ficou para trás. Embora o índice de crescimento para este ano não deva ultrapassar os 5%, resultado bem mais modesto do que o do ano passado, quando a expansão das vendas reais chegou a 13,71%", afirmou a economista-chefe da Assessoria de Pesquisas Econômicas da entidade, Luciana Marques de Sá.

Apesar do crescimento das vendas da indústria, houve redução de 0,19% no número de pessoal ocupado no setor, entre agosto e setembro e a massa salarial apresentou queda de 1,6% na mesma base de comparação – parte em razão da perda do poder aquisitivo causado pela inflação.

A FGV vai mais longe e afirma: as previsões para a evolução da demanda no último trimestre de 2003 são as melhores para esta época do ano desde outubro de 1999. Os dados divulgados, no documento "Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação" indicam que, naquela ocasião, assim como agora, 44% das empresas previam aumento da demanda e 18% diminuição.
Segundo a FGV, o indicador de compras do setor industrial também confirma a retomada do crescimento da atividade fabril: Segundo 51% das 1.246 empresas pesquisadas, as compras no mercado interno aumentarão no último trimestre do ano em relação ao trimestre anterior, enquanto 18% indicam intenção de reduzi-las. Em 2002, no mesmo período, estas parcelas foram de 38% e 21%, respectivamente.

Como que a comprovar a melhora da percepção do empresariado em relação è economia brasileira, as previsões relativas ao emprego industrial também são favoráveis, com 24% das empresas pretendendo contratar mais do que demitir neste quarto trimestre do ano e apenas 10% indicando intenção de reduzir o contingente de empregados. A diferença de 14 pontos percentuais entre os dois extremos é a maior desde o terceiro trimestre de 1991 e, para a mesma época do ano, desde o quarto trimestre de 1989.