Brasília, 29/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje durante discurso no Fórum Empresarial Mercosul-União Européia, que as negociações que o Mercosul vem desenvolvendo com a União Européia estão bem avançadas, lembrando que a UE hoje é o único interlocutor comercial do Mercosul que dispõe de ofertas em todas as áreas relevantes e com disposição negociadora.
"Para que tenhamos um bom acordo, no entanto é necessário que a União Européia apresente um pacote de ofertas na área agrícola que habilite o Mercosul a fazer uma contraproposta significativa de acesso ao seu mercado. Vale recordar que a maioria dos produtos agrícolas de interesse do Mercosul estão ainda na categoria de não ofertados no processo negociador", ressaltou.
Para o presidente Lula, a agricultura não poderá continuar sendo tratada como um ponto a mais na agenda da negociação entre o Mercosul e a União Européia. "Deve ser um dos pontos centrais do nosso trabalho".
Segundo o presidente, o fato do Mercosul ter dificuldades na Organização Mundial do Comércio, não significa "que não tenhamos história, cultura e posição política de irmos fazendo um acordo bi-regional".
Lula lembrou aos empresários presentes ao encontro, que um acordo comercial entre a Europa e o Mercosul, depende do pleno engajamento do empresariado e de outros setores da sociedade no processo negociador. "Este Fórum Empresarial Mercosul-UE é um canal para essa participação. Aqui, se estimula as negociações e uma avaliação dos seus resultados. Contamos com a contribuição crítica de cada um dos senhores para permitir que as negociações sigam o caminho mutuamente aceitável e benéfico para os dois lados do Atlântico. Eu tenho a convicção de que os senhores sairão desse fórum com a certeza de que a aproximação entre a União Européia e o Mercosul será instrumento fundamental para a promoção dos negócios e bem-estar dos nossos povos", afirmou o presidente.
O presidente Lula afirmou que o Brasil trabalha com a certeza, que por ser o país com a maior economia da América do Sul, tem que ter projetos, inclusive de financiamentos para ajudar em obras de infra-estrutura, os países mais pobres. "Estamos assumindo este compromisso, porque acreditamos que no mundo conturbado em que vivemos hoje, se a América do Sul tiver estabilidade democrática, estabilidade econômica, a América do Sul pode apresentar para o mundo uma possibilidade, não apenas de investimentos, mas de parceria, quem sabe como jamais fizemos em algum outro momento da nossa história", destacou.
"A visita do presidente Aznar hoje, me permitiu fazer uma brincadeira com ele. Eu passei parte da minha vida achando que o Aznar era conservador. Ele passou parte da vida dele achando que eu era um esquerdista. Depois que nós nos encontrarmos duas vezes, nem ele é tão conservador e nem eu sou tão esquerdista", disse Lula, provocando risos dos empresários.
Ao falar do relacionamento do governo espanhol com o Brasil, Lula destacou a confiança do primeiro-ministro José Maria Aznar.
"Eu acho que essa confiança que o presidente Aznar teve no Brasil demonstra claramente que você pode fazer o seu discurso político a hora que você quiser, você pode ter suas posições ideológicas onde você quiser, mas na hora de governar é pão-pão, queijo-queijo, como dizemos aqui no Brasil. Você nem sempre faz o que você quer. Você faz aquilo que é importante fazer, dentro das possibilidades das coisas que você pode fazer", afirmou o presidente.