Internacional Socialista termina em São Paulo com críticas aos Estados Unidos

29/10/2003 - 17h48

São Paulo 29/10/2003 (Agência Brasil – ABr) - Com uma acalorada discussão sobre a posição da Internacional Socialista a respeito da ocupação do Iraque pelos Estados Unidos e o embargo comercial do governo norte-americano a Cuba, chegou ao final na tarde de hoje o 22° Congresso da Internacional Socialista. Do encontro resultaram conclusões registradas na Carta de São Paulo.

Um dos tópicos é a posição contrária do movimento à presença das tropas norte-americanas no Iraque, apesar de o presidente da Internacional Socialista, reeleito ontem (28), o primeiro-ministro português Antonio Guterres, afirmar que neste momento qualquer discussão sobre o assunto é complexa e preocupante. De acordo com Guterres, fazer recomendações concretas pode ser perigoso.

"O que queremos é a transferência rápida da soberania para o povo iraquiano e que a Organização das Nações Unidas (ONU) desempenhem papel importante nessa transferência de soberania", explicou.

Guterres deixou claro também que a Internacional Socialista desaprova qualquer intervenção militar preventiva fora do quadro das Nações Unidas e sem decisão do Conselho de Segurança da ONU. "Essa idéia corresponde exatamente à posição da Internacional Socialista tomada no Conselho de Roma sobre a intervenção no Iraque. Nossa posição é muito clara em termos de defesa do multilateralismo e rejeição da guerra preventiva unilateral", disse.

O presidente da Internacional Socialista destacou que a democracia e os direitos humanos em Cuba devem ser repensados, mas não impostos no país. "Queremos que o diálogo dentro de Cuba possa permitir ao povo encontrar uma forma democrática de governo sem que isso seja imposto". Guterres criticou e classificou como inaceitável o embargo americano a Cuba.

"A posição americana com relação a Cuba é contrária às nossas expectativas de promoção democrática. O embargo é um erro grave do ponto de vista do interesse na introdução da democracia em Cuba", afirmou Guterres.

A Internacional Socialista manifestou-se a favor do livre comércio no mundo e disse acreditar em consenso nas negociações. Mas, segundo Guterres, não pode existir zonas de livre comércio sem solidariedade entre as nações. "Nós somos a favor de zonas de integração política, econômica e social. O comércio está acompanhado de coordenação política e social e de mecanismos que proponham solidariedade", explicou Guterres. Segundo ele, é preciso atenção para a justiça, equidade e a ligação dos fatores econômico, social e ambiental.

A maneira como o governo de Luiz Inácio Lula da Silva está encaminhando as conversas sobre o Mercosul foi elogiada pelo presidente da Internacional Socialista. Antonio Guterres salientou que a visão do presidente Lula não se restringe apenas a uma área comercial e permite a criação de um espaço de integração em todos os setores do Mercosul. "Isso permitirá criar um dos pilares da nova arquitetura das relações internacionais. Essa para nós é uma questão decisiva. Nós consideramos que a integração entre a América do Sul e uma questão essencial impulsionada pelo governo Lula", ressaltou.

Flávia Albuquerque