Alencar: não há desencontro nem fraturas no governo em relação às negociações da Alca

29/10/2003 - 14h16

Brasília, 29/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - Não há desencontro nem fraturas expostas no governo com relação às negociações para implantação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), em 2005. Foi o que assegurou, hoje, o vice-presidente da República, José Alencar, ao participar de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados sobre política de comércio externo relativa à Alca e ao Mercado Comum do Sul (Mercosul).

Na ocasião, o vice-presidente ouviu muitos pedidos de explicações sobre notícias de possíveis divergências entre ministros sobre a condução das negociações da Alca. Segundo ele, há opiniões diversas que permitirão ao país construir as negociações. "Como dizia papai, há topadas que ajudam a caminhar. Já se evoluiu um pouco depois de Cancún" (reunião realizada em setembro na cidade mexicana sobre o assunto).

Alencar concorda com a maneira de negociar do Ministério das Relações Exteriores, observa que o titular Celso Amorim "é muito preparado", mas entende que numa negociação "desse porte" tem que haver a participação dos empresários produtores e exportadores, por meio de um diagnóstico preciso de cada segmento. "Ninguém conhece melhor o mercado que o produtor e exportador do produto", disse Alencar com sua experiência de empresário.

Por outro lado, o vice-presidente entende que é necessário que o país saiba negociar sem confrontação. "Nos podemos ser bravos sem gritar", ensina, acrescentando que "o Brasil tem que evoluir e aprender a melhor defender seus interesses". Para ele, se os negociadores brasileiros forem tão pragmáticos quanto os dos países ricos e colocarem como ponto primordial o lado econômico o Brasil terá condições de enfrentar o livre comércio com vantagem.

Alencar foi questionado por alguns parlamentares sobre o saldo comercial, que atinge no ano US$ 19,968 bilhões, com meta de fechar 2003 em US$ 22 bilhões. Eles alegam que esse superávit está sendo possível em função das restrições às importações, inclusive de bens de capital. De acordo com o vice-presidente não há nenhum desestímulo às importações, "a não ser a taxa de juros". Reafirmou que, sem a queda dos juros, o país pode crescer menos do que precisa para gerar emprego.