Brasília, 30/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - É preciso revitalizar a Fundação Nacional do Índio (Funai) e implantar, de fato, uma política indigenista no país. Estas foram as principais conclusões a que chegaram deputados, lideranças indígenas, funcionários da Funai e representantes de garimpeiros, após audiência pública promovida hoje pela Comissão de Defesa do Consumidor Meio Ambiente e Minorias da Câmara.
A audiência atendeu ao requerimento do deputado Pastor Amarildo (PTB-RS), para que o ex-presidente da Funai, Eduardo Almeida, esclarecesse suas denúncias de que "máfias" operam dentro da Fundação e envolvem políticos ligados a madeireiros, produtores de soja, garimpeiros e mineradores. Para Almeida, "desde a década de 80 a Funai não tem recebido o apoio que merece". Ele disse acreditar que esta é a oportunidade para realizar as mudanças, porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu compromisso com os povos indígenas durante a campanha – "e vai cumprí-lo".
O vereador Jeremias Xavante, da cidade de Capinápolis (MT), disse que para acabar com as máfias que usam a Funai para desvio de recursos é preciso que o governo reformule a Fundação e a fortaleça "politicamente, financeiramente, administrativamente, tirando essas facções que sempre prejudicaram os índios".
Para o íder indígena Álvaro Tucano, de São Gabriel da Cachoeira (AM), "a Funai não pode ser prejudicada por causa de pequenos grupos que atuam de forma desonesta, porque existem também lideranças sérias que estão preocupadas com a política indigenista".
Já o deputado Fernando Ferro (PT-PE) disse que ao longo dos anos "houve uma degradação da Funai, com funcionários envolvidos em corrupção e diversas irregularidades que precisam ser investigadas". E acrescentou: "É preciso discutir os rumos da Funai num amplo debate, envolvendo deputados, funcionários, os povos indígenas e até o presidente da República".
E a representante dos garimpeiros, Jane Resende, informou que realmente existem grupos que atuam defendendo interesses diversos e para mudar esta situação é preciso reciclar os funcionários da Funai. "Índio nunca foi inimigo de garimpeiro, assim como garimpeiro nunca foi inimigo de índio", disse, acrescentando que os índios são usados como escudos para acobertar crimes cometidos por pistoleiros que atuam dentro das áreas da Funai.