Rio, 30/9/2003 (Agencia Brasil-ABR) - Sem a entrega das ações livres e desembaraçadas da AES Tietê, conforme previsto no memorando de entendimento firmado no último dia 8 entre o BNDES e a AES Corp, o acordo com a controladora da Eletropaulo não será fechado, garantiu hoje o diretor financeiro do banco, Roberto Timótheo da Costa. O acordo objetiva solucionar a dívida de US$ 1,2 bilhão, que o grupo americano tem com o banco. "Essa é uma questão intransponível", afirmou o diretor do BNDES.
Costa avaliou que esse é um problema que a AES tem que resolver. As ações da Tietê, por intermédio das empresas de papel que controlam a AES Transgás, ou seja, empresas sediadas em paraísos fiscais, foram dadas como garantia de emissão de títulos (bonds) no valor de US$ 300 milhões.
A contar da data em que foi assinado o memorando de entendimento com a AES, o BNDES tem 60 dias para concluir as análises que vêm efetuando sobre as empresas operacionais controladas pela multinacional. O grupo dos Estados Unidos solicitou mais 30 dias para poder liberar as ações da Tietê.
A data final para assinatura do acordo é o dia 15 de dezembro por uma razão óbvia, esclareceu Roberto Timótheo da Costa: "se eu não conseguir fazer essas operações dentro do exercício fiscal, as reversões de resultados não vão ser possíveis". Por conta dos provisionamentos feitos em função da dívida da AES, o BNDES amargou no primeiro semestre prejuízo de R$ 2,4 bilhões. O lucro de R$ 347 milhões obtido nos meses de julho eagosto reduziu o resultado negativo para R$2,1 bilhões.
Costa sugeriu entre as opções que se abrem ao grupo AES para liberar as ações da Tietê a possibilidade de recompra da série de bonds, que estão sendo negociados abaixo do valor nominal, podendo dividir o lucro com o banco que financiar a operação e ainda ganhar dinheiro com isso. Operação similar foi realizada pelo BNDES para pagar dividendos, lembrou. Timótheo salientou, entretanto, que não iria ensinar a AES, "que tem diretores financeiros poderosíssimos e muito mais competentes do que eu, como se faz". Acrescentou que esse é um problema da AES.
Se não houver acordo, a impressão do diretor do BNDES é de que "a tão anunciada guerra judicial vai começar".