Kofi Annan faz apelo à comunidade internacional e prega união contra o terror

22/09/2003 - 13h46

Lia Rangel
Enviada Especial

Nova York - Chefes de Estado, especialistas, testemunhas e sobreviventes de atentados terroristas se reuniram esta manhã, em Nova York, para refletir sobre as causas de ações terroristas que já fizeram milhões de vítimas em todo o mundo. No seminário "Combatendo o terrorismo em prol da humanidade", o secretário-Geral da Organização das Nações Unidas, Kofi Annan fez um apelo à comunidade internacional, alertando sobre a necessidade da união de forças entre as nações. "Terrorismo tem consequências globais e não poderá ser nunca justificado. Não há razões para que alguém se ache no direito de matar inocentes", afirma.

Annan deu um duro recado implícito aos Estados Unidos, Inglaterra e outras nações que apoiaram a invasão do Iraque. Sem citar nomes, reforçou o repúdio às ações militares que se colocam como uma solução para o fim do terrorismo. "Governos cruzam uma linha perigosa e eles mesmos cometem atos terríveis. É inaceitável o bombardeamento indiscriminado de cidades, a tortura de prisioneiros, a ação de francos atiradores para matar assassinos, ou a aceitação da morte de civis como mero efeito colateral. Esses atos são ilegais e injustificáveis", condena o secretário-geral.

Os EUA têm sido criticados por grande parte da comunidade internacional por suas ações isoladas. Bush autorizou a invasão do país de Saddam Hussein e sem o aval do Conselho de Segurança, argumentando a existência de armas de destruição de massa. Após meses declarado oficialmente o fim da guerra, milhares de iraquianos continuam sendo vítimas de operações militares e nenhum vestígio de provas que sustentem as acusações. O país foi completamente destruído pelas bombas aéreas e um grande caos se instaurou.

Annan afirma que as causas do terrorismo nem sempre são apenas políticas. Para ele, a situação econômica e social , e o ambiente no qual as pessoas são criadas, contribuem para a perpetuação do terrorismo.

Também deram seus depoimentos, o presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, o prêmio Nobel da Paz, Elie Wiese, entre outros. Em minutos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva será chamado para compor, ao lado de outras 21 lideranças mundiais, o painel no qual cada país apresentará suas experiências de ponto de vista sobre o terrorismo. Ele será o sexto a falar depois dos representantes da Espanha, Afeganistão, Holanda, Canadá e Portugal.