Brasília, 22/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - Cidades brasileiras participaram hoje da campanha internacional "Na Cidade sem meu Carro". O evento é realizado em vários países desde 1998, como forma de chamar a atenção e mobilizar a sociedade contra os prejuízos causados pelo uso indiscriminado do automóvel. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, não se trata de uma cruzada contra os carros. O objetivo do governo e das entidades da sociedade civil que participam da campanha é refletir sobre o uso do automóvel que provoca poluição do ar e é responsável pelo alto índice de acidentes registrados nas grandes cidades e rodovias.
No Brasil, 33 cidades participaram da Terceira Jornada Brasileira, como Curitiba, Belo Horizonte e Goiânia. São Paulo, que tem a maior frota brasileira, não se sensibilizou pela causa. Quem aderiu ao movimento optou hoje pelo uso de transporte coletivo ou de bicicletas. Alguns preferiram pedir carona para vizinhos e colegas de trabalho, outros se deslocaram a pé durante o dia.
Apesar do Distrito Federal não ter participado da campanha, a ministra Marina Silva deu o exemplo na cidade. Pela manhã, ela foi de ônibus para a Esplanada, descendo na parada em frente ao ministério do Meio Ambiente. Ao chegar, a ministra afirmou que andar de transporte coletivo tem suas vantagens particulares. Para ela, a mobilidade da população nas cidades exige a implantação de um transporte coletivo mais confortável e soluções alternativas menos poluentes, que visem à melhoria da qualidade de vida. Marina Silva afirmou ainda que uma das grandes questões para melhorar o meio ambiente urbano é justamente o aperfeiçoamento do modelo de circulação nas cidades.
A Terceira Jornada Na Cidade Sem Meu Carro foi organizada no Brasil pelo Instituto da Mobilidade Sustentável – RUAVIVA e contou com o apoio dos Ministérios do Meio Ambiente e das Cidades e de organizações não governamentais. A diretora do RUAVIVA, Liane Born, fez um balanço positivo do evento. Na cidade mineira de Três Corações, explicou, a prefeitura concedeu 30% de desconto nas tarifas de ônibus. Em Curitiba, a prefeitura registrou 42% de fluxo de veículos a menor, 25% de aumento na demanda de táxi e 145 mil passageiros a mais no sistema de transporte.
Em Belo Horizonte, o ministro das cidades Olívio Dutra participou da Jornada num evento na rua Rio de Janeiro, rua central da capital mineira. Pela manhã, Olívio Dutra caminhou pelo centro, e num discurso falou sobre a valorização da caminhada e o prazer de descobrir a cidade a pé.
Ainda de acordo com dados preliminares do Instituto RUAVIVA, 1.500 cidades no mundo participaram da Jornada. A Cidade de Bogotá, na Colômbia, parou. Os oito milhões de habitantes não utilizaram veículos e o prefeito foi trabalhar de bicicleta. A campanha também recebeu a adesão de várias cidades na Europa, e na Ásia, Taiwan foi o único país a aderir à idéia.
O Greenpeace divulgou nota sobre a Jornada. Para o Coordenador da Campanha de Energia da entidade, Sérgio Dialetachi, a jornada é uma oportunidade para que as pessoas parem de reclamar da poluição do ar, dos congestionamentos ou das mudanças no clima e parta para soluções, "praticando, sempre que possível, a carona para amigos, vizinhos e colegas de trabalho".
Dialetachi aproveitou o dia para cobrar das autoridades um transporte de massa eficiente, limpo, pontual, confiável, barato e disponível para a população. Para o coordenador da Ong, é preciso encarar a atitude de deixar o carro em casa de vez em quando como uma contribuição para toda a coletividade, e não como um transtorno que fere o conforto individual.