Brasília, 22/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - Diversos países em todo o mundo lembraram ontem, pelo oitavo ano consecutivo, o Dia Mundial da Doença de Alzheimer, mal que atinge cerca de 18 milhões de pessoas em todo o mundo e que concentra boa parte dos casos em países em desenvolvimento. No Brasil, a Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz) promoveu caminhadas, concursos de arte e ciclo de palestras em treze estados para informar e conscientizar a população sobre o Alzheimer, doença degenerativa que afeta preferencialmente pessoas acima de 60 anos.
A doença se caracteriza pela morte progressiva das células nervosas do cérebro, os neurônios, e compromete a memória, o pensamento e o comportamento. Estimativas apontam que 10% das pessoas acima de 60 anos desenvolvem a doença, ainda incurável. Desde abril de 2002, o Sistema Único de Saúde (SUS) criou o Programa de Assistência aos Portadores da Doença, que oferece tratamento e medicamento gratuito aos pacientes.
O atendimento é feito nos centros de referência, hospitais aparelhados com condições técnicas, instalações físicas, equipamentos e profissionais especializados para dar atendimento integral ao portador da doença. O Ministério da Saúde determinou a instalação de 74 centros em todo o país, dos quais 26 já estão em funcionamento.
Um dos mais recentes é o Centro de Medicina do Idoso do Hospital Universitário de Brasília (HUB), inaugurado em dezembro do ano passado e que já atendeu mais de 100 pacientes desde o início de suas atividades, em fevereiro deste ano. "No momento, 90 pacientes estão em atendimento e 170 na lista de espera, que demora em média dois meses", afirma o diretor do Centro, o médico geriatra Renato Maia Guimarães.
O Centro oferece aos portadores da doença e às suas famílias o apoio de uma equipe multidisciplinar composta por médicos, dentistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, nutricionistas e psicólogos. O tratamento se inicia com o acolhimento dos pacientes e encaminhamento aos grupos de trabalho, que se reúnem três vezes por semana para desenvolver atividades de adaptação à doença. "Aqui fazemos a estimulação cognitiva do paciente, a estimulação física e os trabalhos manuais, como crochê, pintura e jogos. Pedimos por exemplo que eles tragam fotos dos familiares e nos digam quem são, já que a doença pode fazer o idoso se esquecer até disso", explica a terapeuta ocupacional Maristela Coimbra. Os pacientes com comprometimento severo são tratados em casa, com o auxílio da equipe.
Os idosos permanecem de sete a oito semanas no Centro de Atendimento ao Idoso e depois continuam o tratamento em casa, com o auxílio da família, que também recebe apoio e orientação no centro. Eles recebem dois medicamentos para retardar a progressão da doença: a Rivastigmina e o Donepezil. Ambas as drogas atuam no metabolismo da acetilcolina, substância presente no cérebro que é responsável pela memória. Embora não sejam curativos, os medicamentos trazem uma sensível melhora à condições de vida do portador de Alzheimer e, em conseqüência, também dos familiares.
Diversos fatores estão ligados ao aparecimento do Alzheimer. A médica geriatra Maria Alice, que também é professora da Universidade de Brasília (UnB), explica que, apesar de muitos atribuírem um grande valor à predisposição genética, diversos fatores como pressão alta e diabetes também estão associados ao surgimento da doença. Um dos principais sintomas, segundo a médica, é a perda de memória. "O esquecimento preocupante é o que tem impacto na vida diária da pessoa, como deixar de pagar as contas ou o próprio endereço", afirma.
A diretora da Abraz no Distrito Federal, Tânia Murta, conhece de perto o que é o Mal de Alzheimer. Ela conviveu dezessete anos com a doença da mãe, dona Nair, que faleceu no último mês de agosto. "Tudo começou quando a minha mãe, em vez de usar o vaso sanitário, usou o bidê. Ela também ia ao supermercado com uma lista de compras e voltava com um ou dois produtos e escondia as coisas pela casa. Depois do diagnóstico, conversamos com ela sobre a doença e ela me disse 'filha, eu sei que eu estou doente, cuida de tudo'", conta, emocionada.
Tânia define a doença como uma "fuga da realidade" e lamenta que só agora existam centros de tratamento para o portador de Alzheimer. A doença da mãe despertou na filha o desejo de ajudar os portadores do mal e principalmente seus familiares. A entidade existe em quase todo o Brasil e promove reuniões mensais informativas, organiza grupos de apoio e produz material informativo sobre a doença.
Serviço
Abraz – Associação Brasileira de Alzheimer
0800-55-1906
www.abraz.com.br
Abraz/DF
Contato: Tânia Murta
340-6522
Centro de Medicina do Idoso – HUB/UnB
448-5269