Lula pode negociar pessoalmente pontos polêmicos das reformas

18/09/2003 - 22h21

Brasília, 19/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu hoje aos líderes da base aliada que, se for preciso, abre as portas do Palácio do Planalto para negociar a aprovação das reformas com a oposição. Segundo os senadores que estiveram reunidos por mais de uma hora com o presidente no Planalto, a abertura de canal de diálogo com a oposição tem como principal objetivo evitar as críticas de que o governo estaria usando um "rolo compressor" para aprovar as reformas no Senado, a exemplo do que teria feito na Câmara. "Não é nossa intenção fazer um rolo compressor passando por cima da oposição", disse o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

A preocupação do presidente em aprovar as reformas é tamanha que, segundo alguns líderes que participaram do encontro, ele não descarta a possibilidade de convocar o Congresso Nacional extraordinariamente, a exemplo do que fez em julho deste ano, durante a tramitação das propostas na Câmara dos Deputados. "Ele trabalha com essa possibilidade", disse um dos líderes. Segundo os senadores, Lula avaliou que o Brasil avançou muito nos primeiros oito meses de governo, e que se as reformas não forem aprovadas, o Brasil vai voltar à estaca zero.

O senador Hélio Costa (PMDB-MG) disse que o presidente já considera inevitável o fatiamento da reforma tributária. O líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), lembrou que a intenção do presidente é aprovar as duas reformas, por inteiro, até dezembro. Caso a tramitação da reforma tributária leve mais tempo, Lula já aceita a aprovação dos pontos consensuais e a discussão mais lenta dos pontos polêmicos. "Ele disse que tem que fazer todo o esforço para fazer o que for possível. Se não for possível, não será porque o governo quer, mas porque a dinâmica do processo legislativo não evoluiu", disse Calheiros.

As eventuais mudanças nos textos aprovados pela Câmara serão feitas, segundo os líderes, apenas em plenário. "Já que vamos mudar, poderíamos concretizar as mudanças no plenário, e não na Comissão de Constituição e Justiça", ressaltou Calheiros.