Propaganda de medicamentos é condenada por especialistas

18/09/2003 - 11h36

Brasília, 18/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - Cerca de 30% das mortes por intoxicação no Brasil são causadas por medicamentos utilizados de forma incorreta, principalmente automedicação, superdosagem e indicação equivocada de farmacêutico. Os dados são do Conselho Regional de Farmácia do Distrito Federal (CRF/DF). Um dos grandes vilões apontados por especialistas como indutores da automedicação é a propaganda de remédios, pouco analisada no país. Esta foi uma das questões discutidas na Conferência Nacional de Medicamentos e Assistência Farmacêutica, que termina hoje, nesta capital.

Para a coordenadora do encontro, a farmacêutica Clair Castilhos, a proibição da propaganda de medicamentos é coerente, já que em princípio os remédios devem ser utilizados mediante receita. Para ela, médicos e dentistas devem possuir conhecimentos técnicos científicos sobre os fármacos e a propaganda sobre os novos medicamentos deve ser dirigida apenas para quem prescreve, jamais na televisão. "A propaganda leva à automedicação, à "empurroterapia" nas farmácias, o que é uma grande distorção na área do comércio varejista", alertou Castilhos.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve propor mudanças na legislação sobre o assunto, que hoje apenas veta a associação da droga a símbolos que possam confundir o consumidor, como um desenho de uma fruta associada a um xarope infantil, por exemplo, que pode levar os pais a pensarem que não se trata de um remédio.

Ao analisar 930 propagandas de remédios em conjunto com universidades, a agência concluiu que 90% apresentavam algum tipo de irregularidade. O documento com a proposta será finalizado em março do próximo ano, informou a gerente de Controle e Fiscalização de Medicamentos e Produtos da Anvisa, Maria José Delgado Fagundes.

O Conselho Federal de Medicina deve publicar amanhã uma resolução estabelecendo os novos critérios norteadores da propaganda em medicina, conceituando anúncios, a divulgação de assuntos médicos, a antipromoção e demais proibições referentes à matéria.

As informações são da assessoria de Comunicação do órgão.