Linha de financiamento e desconto de empréstimos em folha devem aquecer economia, diz especialista

18/09/2003 - 14h08

São Paulo, 18/9/2003 (Agência Brasil - ABr) - As medidas anunciadas recentemente pelo governo, de facilitar o financiamento de eletrodomésticos e possibilitar descontos de empréstimos em folha de pagamento, devem ajudar a reduzir o spread bancário e aquecer um pouco a economia neste fim de ano, de acordo com Álvaro Augusto Vidigal, presidente da Bolsa de Valores Sociais (BVS) e conselheiro da Bovespa.

Ele, que já foi presidente da Bovespa, pondera, porém, que não dá para ser muito otimista em relação a um grande crescimento do PIB no próximo ano, porque o nível de investimentos no país ainda é muito baixo. "No ano que vem ainda vamos ter um início do desenvolvimento, que não será tão grande quanto a gente sonha. Ninguém sai de uma taxa de crescimento do PIB muito próxima de 1% este ano para 4% no ano que vem", afirmou o presidente da BVS.

Segundo ele, a redução de dois pontos percentuais na taxa básica de juros (Selic) decidida ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central está totalmente dentro do previsto. "O governo é cauteloso, o Banco Central é cauteloso. Se nós andarmos depressa demais podemos tropeçar no meio do caminho", disse ele. O Copom reduziu ontem a Selic de 22% para 20% ao ano.

Para Vidigal, o Brasil precisa conquistar sua credibilidade definitivamente para que o risco país caia de maneira consistente. Ele avalia que essa situação propicia uma queda nos juros externos, influenciando nas taxas praticadas no país. Ele afirmou que a nota de classificação do Brasil é muito exagerada. "O Brasil nunca deixou de pagar a sua dívida externa. Não tem motivo para ter um ranking como tem. Eu acredito que dando esses passos, com um governo novo, mostrando a credibilidade, com um pouquinho mais de tempo nós vamos ter esse risco com certeza em níveis bem mais baixos", disse.

Ele comentou ainda a demissão do presidente da Bolsa de Valores de Nova York, Dick Grasso. Para Vidigal, o fato não irá interferir na bolsa brasileira, mas salientou que sentirá falta do dinamismo de Grasso. "Ele é um profissional competentíssimo. Vai fazer falta pelo dinamismo dele. Agora, todo mundo que dá o passo maior que a perna acaba se machucando. Os números falaram por si e eles acabaram prevalecendo sobre o homem", disse Vidigal. Dick Grasso foi pressionado a deixar o cargo depois que se tornou público o valor da aposentadoria dele, US$ 139,5 milhões.

Álvaro Augusto Vidigal participou, hoje, na sede da Bovespa, do anuncio de 30 programas sociais listados na Bolsa de Valores Sociais (BVS). Para participar, o investidor deve acessar o site www.bovespasocial.org.br e comprar ações com valor mínimo de R$ 10,00 para um ou mais projetos. O pagamento pode ser efetuado on-line, por boleto bancário e, futuramente, por meio de cartão de crédito. Na medida em que as doações atingirem o valor total ou de cada uma das etapas do projeto, serão repassadas às instituições.