Novo ouvidor vai apurar aumento de mortes em ações da polícia em São Paulo

17/06/2003 - 19h30

São Paulo, 17/6/2003 (Agência Brasil - O novo ouvidor das polícias do Estado de São Paulo, Itajiba Farias Ferreira Cravo, disse hoje que vai apurar o número crescente de pessoas mortas por policiais militares e civis. Dados da ouvidoria indicam que de janeiro a maio deste ano ocorreram 435 mortes, 51% a mais em comparação com mesmo período do ano passado. Cravo, de 42 anos, advogado com experiência na acusação de processos envolvendo violência policial, disse que "vai apurar do ponto de vista científico" as ocorrências policiais com mortes. "Não quero dar mais adjetivos para não preocupar a sociedade que já está preocupada com a violência", afirmou em entrevista à Radiobrás.

Segundo o ouvidor, que assumiu o cargo na semana passada, é fundamental a manutenção da independência do órgão para realizar com "transparência" a análise do serviço prestado pelas polícias no Estado que reúnem maior efetivo policial no País com 130 mil policiais militares e civis.
Cravo substituiu Fermino Fecchio, 59, que discordou publicamente da política de segurança implantada pelo governo paulista, e tinha como alvo de críticas o secretário de Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho. Fecchio denunciou as ações do Gradi, Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância, formado por policiais civis e militares ligados à secretaria de segurança pública.

O Ministério Público considerou ilegal a utilização de presos que foram recrutados para atuarem como agentes infiltrados em organizações criminosas e solicitou ao Tribunal de Justiça a abertura de inquérito para apurar a responsabilidade do secretário Abreu Filho e dos juízes-corregedores dos presídios que permitiram a saída dos presos.