Decisão de Copom sobre juros sai amanhã

17/06/2003 - 18h06

Brasília, 17/06/2003 (Agência Brasil-Abr) - A esperada reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), que define os juros básicos da economia (Selic), teve seu primeiro capítulo hoje. O capítulo decisivo será amanhã. O anúncio, geralmente, sai no início da tarde. A taxa está fixada em 26,5% ao ano e sofreu duas alterações desde o início do ano, passando de 25% para 25,5% em janeiro e, em fevereiro, para o patamar em que está hoje.

Alguns especialistas acreditam em uma pequena queda: 0,5 ponto percentual. Eles alegam que os indicadores inflacionários têm recuado nas últimas semanas e, por isso, podem influenciar os integrantes do Copom a reduzir os juros. Mas há um indicador que pode influenciar o Copom a manter a taxa atual: a previsão da inflação, para o final do ano, está em 11,84%; distante, portanto, da meta anunciada pelo governo, de 8,5%.

"Estou cético. Creio que o Banco Central vai reduzir a Selic em meio ponto, com viés de baixa", disse o economista e professor de Finanças Públicas da Universidade de Brasília (UnB), José Matias Pereira. Segundo ele, o quadro econômico atual exige cautela, pois se houver erro o preço será muito maior no futuro. "A taxa reflete o nível de estímulo ou de desestímulo da economia. Queda na Selic sinaliza para a economia como um todo", disse o professor. Uma alteração de 1,5 ponto percentual assusta Pereira. "Seria uma medida muito brusca", avalia.

O presidente do Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros de São Paulo (Ibef), Walter Barros, disse que, ao longo do semestre, defendeu a política de juros implementada pelo Banco Central, mas, agora, acredita que cortá-los será de extrema importância. "Mesmo que seja uma redução simbólica, de meio por cento, será promissor para a economia", afirmou Barros.

A importância da Selic

A Selic é considerada a taxa básica de juros porque é usada em operações entre bancos e, por isso, tem influência sobre os juros de toda a economia. A taxa é uma espécie de teto para os juros pagos pelos bancos nos depósitos a prazo. A partir dela os bancos definem quanto cobram em empréstimos a empresas e pessoas físicas.
Foi criada em 1979 pelo BC e pela Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto com o objetivo de tornar mais transparentes e seguras as negociações dos títulos públicos. Selic é um sistema eletrônico que permite a atualização diária das posições das instituições financeiras, assegurando maior controle sobre as reservas bancárias. O termo Selic identifica também a taxa de juros que reflete a média de remuneração dos títulos federais negociados com os bancos.

Como a inflação é uma preocupação constante do governo, que trabalha com metas da inflação medida pelo IPCA, a taxa vem sendo elevada desde o início do ano. Funciona assim: para controlar a inflação, o governo aumenta a taxa, mas elevações na Selic inibem também a produção, e por conseqüência, o nível de emprego.

Com reportagem de Liésio Pereira