Brasília, 17/6/2003 (Agência Brasil - ABr) - O novo presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho, não quer que a proposta da reforma previdenciária seja retirada da pauta do governo. Deseja, no entanto, contrapartidas, tais como a não taxação dos inativos, a fixação do teto do servidor público em R$ 4.800,00 e a permanência da transição dos 48 anos mínimos para a mulher e dos 53 anos para os homens para aposentadoria.
Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional AM, o sindicalista disse que aguarda mudanças da proposta no Congresso, uma vez que acha natural que aquela casa promova discussões e proponha alternativas aos textos que lá chegam.
Segundo Marinho, a paralisação dos servidores públicos, marcada para o próximo dia oito, é pela retirada da proposta da Reforma da Previdência – defendida pela Condsef, mas a CUT não é contra a reforma. "Nesse sentido, nós propomos que a gente faça um processo de mobilização por negociação para implementar as emendas e negociar mudança de conteúdo", declarou, completando que o governo tem dado ouvidos ao movimento sindical, mas não negociado nos moldes que ele, Marinho, está acostumado.
Ele descarta a possibilidade de haver um "racha" entre a Central Única dos Trabalhadores e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Condsef) em conseqüência da manifestação. "Vamos discutir para saber o que eles realmente esperam da CUT de forma efetiva e, no que depender da gente, vamos caminhar juntos e trabalhar juntos no sentido de representar e bem o conjunto dos funcionários públicos tanto federais, quanto estaduais e municipais", afirmou Luiz Marinho.
O secretário geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Condsef), Gilberto Jorge Cordeiro Gomes, defende que o governo federal está chamando os trabalhadores para uma disputa e que será aceita porque, em nenhum momento, a proposta da Reforma da Previdência foi colocada em mesa de negociação com os trabalhadores do setor público. "A posição da Confederação é bem clara. Queremos esclarecer à sociedade que não somos contra que seja feita uma reforma na previdência, a nossa posição só é contrária a essa proposta que o Governo enviou ao Congresso Nacional porque entendemos que ela visa a privatização da previdência pública de todos os trabalhadores, principalmente do setor público federal".
Segundo ele, como o governo ainda não quis negociar, os trabalhadores não tiveram outra saída a não ser a paralisação, que acontecerá a partir do próximo dia oito. "Ele tem dialogado, colocado algumas condições, mas negociar ponto a ponto, ele se recusou a fazer isso com os trabalhadores. Apostamos que essas mobilizações possam auxiliar nas mudanças da reforma", afirmou Gilberto Gomes, completando que essa será uma greve histórica. "Estamos apostando que todos os servidores públicos federais, estaduais e municipais entrem".
Gilberto Gomes declarou ainda que se a reforma for aprovada sem alterações não haverá mais estímulos para os servidores ingressarem ou continuarem no serviço público. "Depois que os servidores entram no serviço público, eles têm contrato de trabalho que diz que não é permitido, de forma alguma, trabalhar em outra atividade. Para isso, o governo e o estado tinham que nos dar algumas garantias como estabilidade e a previdência, nesse caso, já perdemos a estabilidade e vamos perder a previdência. Qual é o estímulo que vai ter para se continuar no serviço público?", concluiu Gilberto Gomes.