Cristovam defende a criação de uma espécie de ''Alca do ensino superior''

17/06/2003 - 16h14

Brasília, 17/6/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Educação, Cristovam Buarque, quer a criação de uma espécie de "Alca do ensino superior", com mais apoio dos governos para as universidades e maior integração entre elas. A proposta foi apresentada, hoje, em almoço com embaixadores latino-americanos, da Espanha e de Portugal, no Naoum Plaza Hotel.

"Nós trabalhamos nesses últimos dez anos para fazer o Mercosul, do ponto de vista da economia, e não estamos fazendo o ‘universidadesul’, o ‘gentesul’. Fala-se na Alca para o comércio, mas não se fala na ‘Alca do ensino superior’ que é mais fácil e, talvez, mais urgente e necessário para construir uma unidade", defendeu.

Para ele, nos próximos 15 anos a internet será responsável por uma integração tão grande que não existirá mais universidades brasileiras, venezuelanas, argentinas. Os estudantes poderão fazer o curso, pela internet, na instituição que quiser, independente do país em que está localizada. Para discutir essa idéia, Cristovam sugeriu a realização de uma reunião entre os ministros de Educação e autoridades desses países.

O almoço foi promovido pelo embaixador do Equador, Diego Ribadeneyra, para conhecer as propostas do governo brasileiro para a educação. Cristovam apresentou os três principais pontos de seu projeto para melhorar a qualidade do ensino – a universalização da educação, a valorização do professor, e a alfabetização de todos os brasileiros.

Uma das metas é criar as bases para possibilitar o acesso ao ensino médio de pelo menos 95% da população, nos próximos 15 anos. Hoje, apenas 30% das pessoas terminam essa etapa da educação. Cristovam lembrou que a universalização do ensino fundamental conseguiu colocar praticamente todas as crianças na escola. Mas a baixa qualidade da educação, segundo ele, é uma das principais causas para que elas não freqüentem com regularidade as aulas ou abandonem a escola.

"Duas coisas atrapalham a permanência da criança na escola: a pobreza e a má qualidade da escola. Enquanto são pequenas, as crianças ficam numa escola ruim, mas a partir dos 15 anos não ficam mais", disse. Entre os incentivos financeiros, o ministro citou a ampliação do programa Bolsa Escola para o ensino médio e a criação de uma poupança para os estudantes que só poderiam usar o dinheiro após terminarem os estudos.

Para a melhoria do ensino, o ponto principal é a valorização do professor. De acordo com Cristovam, o salário médio do professor brasileiro é de R$ 530 por mês. "Se tirarmos os 20% dos estados que pagam melhor, o salário médio é R$ 350", acrescentou. Uma das propostas é a criação de uma gratificação vinculada à formação continuada desses profissionais e ao bom desempenho dos alunos.