São Paulo, 17/06/2003 (Agência Brasil - ABr) - O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, um dos principais elaboradores do programa de governo do Partido dos Trabalhadores e atual integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, acredita que se houver redução na taxa básica de juros - decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sai amanhã - será pequena. "O mercado está projetando uma taxa de 23,84% para janeiro de 2004. Hoje, o que significa é uma queda muito lenta da taxa de juros", .
Beluzzo, no entanto, acredita que essa lenta redução da taxa de juros é "incompatível com a retomada do crescimento ainda este ano". Ele se diz alarmado com dados econômicos, como a queda na produção industrial, "com tendência a se aprofundar", acompanhada de baixas no nível de emprego, da massa de rendimentos e do rendimento médio dos trabalhadores.
Para o economista, uma taxa de juros no patamar que estava antes da crise do ano passado - em torno de 19%, ou seja, com uma taxa real de 10% a 8% (com uma inflação projetada em 2003 ao redor 10%) - seria "compatível com a retomada do crescimento". Esse percentual, segundo Belluzzo, poderia proporcionar acomodação dos consumidores pela demanda de crédito, melhoria na oferta de crédito e incentivo aos projetos de investimento, "que foram engavetados depois dos choques de juros e da valorização cambial que foi promovida no começo do ano".
Belluzzo estima, ainda, que caso o Copom mantenha a atual perspectiva do mercado em relação aos juros até o final do ano sobre a Selic, a recessão tenderia a se prolongar, se estendendo por alguns meses em 2004. Os maiores reflexos, segundo ele, seriam sentidos no nível de emprego e na insatisfação com o governo, atingindo a classe média "que representa os 30% que acabaram dando a vitória ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva".
Giancarlo Summa e Liésio Pereira