Estatuto do Idoso é semente plantada pela Campanha da Fraternidade, diz Dom Damasceno

09/03/2003 - 19h00

Brasília, 9/3/2003 (Agência Brasil - ABr) - O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Raymundo Damasceno, considerou há pouco "uma semente plantada pela Campanha da Fraternidade", lançada na Quarta-Feira de Cinzas, a retomada da discussão do Estatuto do Idoso na Câmara dos Deputados. Segundo ele, a aprovação do documento é um dos principais pleitos da campanha, que neste ano trata do tema "Fraternidade e pessoas idosas - vida, dignidade e esperança".

O projeto criando o estatuto está entre os temas na pauta de votação da Câmara desta semana. "Se conseguirmos ver aprovado o estatuto até o final do ano, este será um ótimo fruto da Campanha da Fraternidade, uma vez que a criação de uma legislação específica para o idoso é uma solicitação da sociedade brasileira e da CNBB", comentou. O bispo também defende que o Conselho Nacional do Idoso seja instalado e permaneça ligado à Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, e não à secretaria de Assistência e Promoção Social, como chegou a ser cogitado. "Os problemas dos idosos são uma questão de cidadania e não de assistencialismo", argumenta Dom Damasceno.

A idéia já conta com o apoio da deputada (PSB-SP), que na semana passada foi à tribuna da Câmara pedir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em atenção ao pedido da CNBB. Em encontro com o secretário-geral, Erundina prometeu angariar apoio de outros colegas. O assunto será discutido em uma reunião com parlamentares no dia 1º de abril, no auditório da CNBB.

Adotada pela CNBB em 1964, a Campanha da Fraternidade realiza-se todos os anos durante a Quaresma, período em quem os católicos revivem os 40 dias de Jesus Cristo antes de ser condenado e morto na cruz. No Brasil, a Campanha da Fraternidade relaciona o sacrifício feito por Cristo em solidariedade aos homens à solidariedade que deve haver entre os homens, abordando temas sociais.

Além dos debates e encontros de conscientização, a Campanha realiza uma coleta entre os fiéis destinada ao Fundo de Solidariedade, a ser empregado em projetos relacionados ao tema central nas várias dioceses do Brasil. Do total arrecadado, 40% é administrado pela CNBB e o restante pelas próprias dioceses. Segundo Dom Damasceno, a campanha rende em torno de R$ 2 milhões para a conferência. O fundo é administrado pela Cáritas e supervisionado por um comitê formado por bispos.

De acordo com o Censo Demográfico 2000, os maiores de 65 anos correspondem a 8,7% da população brasileira, ou seja, 15 milhões de pessoas. Através da Campanha, a CNBB quer resgatar o papel dos idosos para a sociedade.