Rio, 6/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - O Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA) divulgou hoje os dados do último levantamento sobre a desigualdade racial no Brasil. Realizado com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estudo revelou que a renda mensal do trabalho do negro era menos da metade (R$ 331,00) que a renda do branco (R$ 696,00) em 2001. No mesmo ano, 10,7% da população negra - 45,3% da população brasileira - estava desempregada, enquanto o número de brancos nessa situação era de apenas 8,3%. Do total de pobres brasileiros, 63% são negros e 67,6% são indigentes.
As desigualdades sócio-econômicas entre brancos e negros mantiveram-se constantes, apesar das melhorias sociais obtidas nos últimos anos. Exemplo disso é a taxa de analfabetismo: 18,2% dos negros com 15 anos ou mais são analfabetos, enquanto, entre os brancos, esse percentual é de 7,7%. Os negros estudam, em média, 4,7 anos - população de 25 anos ou mais -, já os brancos, com a mesma idade, atingem 6,9 anos de estudo. Em todas as faixas etárias, segundo a pesquisa, o número de negros que não freqüentam a escola é maior que a de brancos.
O acesso à tecnologia digital, considerado importante para o sucesso educacional e ampliação das oportunidades no mercado de trabalho, também demonstra a exclusão dos negros na sociedade. Apenas 5% deles tem microcomputador em suas residências. Já, 18% dos brancos possuem o equipamento. O número de negros com internet em casa é de apenas 2,8%, enquanto 12,8% dos brancos tem acesso à tecnologia. No caso dos celulares, 21,6% dos negros e 38,9% dos brancos possuem o aparelho. As desigualdades também estão presentes nas condições de moradia. De acordo com a pesquisa, as melhorias não atingiram igualmente as residências dos negros. Em 2001, por exemplo, o abastecimento de água e o acesso ao esgoto sanitário adequado pioraram.