Brasília, 6/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Fernando Henrique Cardoso disse há pouco que a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para sucedê-lo na presidência é uma prova do fortalecimento da democracia brasileira. Em palestra durante seminário sobre as Perspectivas da Democracia na América Latina, promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), ele afirmou que a escolha de Lula para o cargo máximo do país é uma demonstração do movimento silencioso do sindicalismo iniciado justamente nos anos da ditadura.
Neste período, Fernando Henrique lembrou que o movimento sindical, sem liberdade para atuar politicamente, começou a trabalhar com o assistencialismo como forma de se aproximar da população. Essa aproximação resultou, na avaliação do presidente, no fortalecimento dos canais de diálogo entre o povo e o poder após o retorno da democracia.
Um dos canais - os partidos políticos - são paradoxalmente fracos, mas têm força no Congresso Nacional ao se unirem em bancadas, considerou o presidente. Por ser uma relação paradoxal, ele avaliou que é preciso que o Brasil e as demais democracias reflitam sobre o papel de seus partidos políticos e que estes lembrem-se da importância de terem força ideológica para bem representar seus eleitores. "Se um partido não tem força ideológica acaba funcionando como marca", afirmou.
Outro canal de fortalecimento da democracia é, segundo o presidente, a realização de audiências públicas nas quais a sociedade pode opinar sobre as decisões que o governo pretende tomar para o futuro do país. "Não há hoje um projeto de lei, ou uma decisão que seja exclusiva do presidente que não seja submetido pelas chamadas audiências públicas. Isso tem se tornado cada vez mais normal e legitimam a nossa democracia", afirmou Fernando Henrique, ao lembrar que dispõe de poder legal para tomar decisões sozinho, mas que se o fizesse incorreria no risco da perda da legitimidade de seus atos como presidente.