Ibama devolve a vida ao Rio Guará

06/12/2002 - 15h55

Brasília, 6/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - O estouro de cinco barragens irregulares, a partir de hoje, num trecho de aproximadamente 60 quilômetros do Rio Guará, alimentador da margem esquerda do Rio São Francisco, no município de Correntina, a 1.044 Km de Salvador, devolverá a vida ao rio e a milhares de ribeirinhos que dependem de suas águas para o plantio de subsistência e para o trato de criações domésticas. As barragens para o represamento do rio eram construídas de areia e serviam à irrigação das plantações de soja existentes na região.

Em meados de 2001 o Ministério do Meio Ambiente e Ibama, implantaram o Projeto de Revitalização e Conservação da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, para recuperar o rio. O projeto contribui para a valoração dos patrimônios naturais e culturais existentes no vale do São Francisco e de seus afluentes, e também, para a geração de novas atividades econômicas, melhorando os indicadores sociais no entorno de toda a bacia.

O dano ambiental havia sido constatado recentemente através de um levantamento aéreo realizado pelo Ibama nos afluentes da margem esquerda do Rio São Francisco, no oeste baiano. Após constatação feita no local pelo diretor de Proteção Ambiental do Instituto, Luciano de Meneses Evaristo, ele decidiu autuar e multar em R$ 20 milhões as propriedades infratoras, e destruir as barragens para permitir que a água volte a correr livremente pelo Rio Guará até o Rio do Meio, que deságua no Corrente, afluente direto do Rio São Francisco. Durante esse percurso as águas que descem do Rio Guará, passam por diversos municípios e povoados, como Pedras, Inahúmas, Santa Clara, Santa Maria da Vitória e Porto Novo, entre outros.

"Constatamos um dano ambiental enorme. Após a primeira barragem visitada o rio continuava descendo num filete d'água até a barragem seguinte e assim sucessivamente. Isso impedia o desenvolvimento dos ecossistemas nos trechos onde a água praticamente desaparecia e, principalmente as populações ficavam muito prejudicadas. Constatando que as barragens não possuíam licença ambiental, estamos autuando e multando os responsáveis. Além disso, usamos as máquinas da própria propriedade para romper as barragens", afirmou o diretor de Proteção Ambiental Luciano Evaristo.

Segundo ele, o trabalho foi desenvolvido em parceria entre o Ibama, as Polícias Militares da Bahia e de Minas Gerais - esta última por força de convênio cedeu os helicópteros para a ação - e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Correntina. "Primeiro fizemos um levantamento aéreo, quando constatamos durante os sobrevôos a irregularidade. Depois utilizamos 16 homens do Instituto e dos parceiros para realizar o trabalho de fiscalização nos locais previamente determinados", informou Evaristo.

Ele garantiu que o trabalho vai continuar na região e que em todos os locais onde foram construídas barragens irregulares, sem o licenciamento ambiental, o Ibama vai agir com rigor, autuando, multando e derrubando os diques para que a água volte a correr em direção ao Rio São Francisco.