C&T - Por que o brasileiro não tem o hábito de comer cogumelo?
Arailde - Isso se deve a vários fatores. O primeiro, na minha opinião, é a falta de hábito alimentar. O segundo é o preço do produto, que é muito caro no Brasil. Nós temos poucos produtores de cogumelo, de um modo geral, sendo que São Paulo tem um número maior deles e também a maior produtividade. Acredito que o preço altos em comparação com preços de outros países leva também a uma falta de hábito.
C&T - O cultivo de cogumelo no Brasil é pequeno devido às condições climáticas?
Arailde - Não são as condições climáticas, nem a temperatura que determinam essa situação. Na minha opinião, é falta de incentivo do governo. Afinal, o governo incentiva a plantar trigo, feijão, soja, milho, e não há incentivo para produzir cogumelo. Se houvesse esse tipo de incentivo, somado a ação de órgãos como o Sebrae ou prefeituras, certamente haveria maior número de produtores.
C&T - É um negócio rentável?
Arailde - É rentável, além disso a técnica é muito simples. Não requer equipamentos sofisticados, nem estrutura física sofisticada. É preciso somente interesse das pessoas em cultivar e, a partir daí, que elas participem de um treinamento. Porque cultivar cogumelos é diferente do cultivo de hortaliças ou de grandes culturas, como arroz, feijão e trigo. Produzir cogumelos necessita um estudo teórico e prático e, principalmente, cuidados distintos daqueles que são necessários no plantio de uma cultura olerícola, por exemplo. Não se pode usar defensivo químico, a água tem que ser pura, do poço. Além disso, não se usa fertilizantes, a não ser adubo orgânico, no caso de quem produz Cogumelo do Sol. Se houvesse mais incentivo e mais divulgação sobre a rentabilidade do negócio e as vantagens nutricionais e medicinais, estou certa de que as pessoas se envolveriam mais no cultivo de cogumelos.
C&T - Quais são as vantagens nutricionais do cogumelo?
Arailde - São várias. Cereais como trigo e o arroz, normalmente, não contêm todos os aminoácidos essenciais à saúde humana. Os cogumelos apresentam os 21 aminoácidos essenciais. A proteína do cogumelo, comparada com a da carne bovina, é o dobro, podendo substitui-la perfeitamente. Por outro lado, é rico em vitaminas, sais minerais, carboidratos, gorduras insaturadas. Há um percentual relativamente alto dessas gorduras, que não faze mal à saúde. O cogumelo apresenta fibras na sua composição química, fator benéfico para pessoas que sofrem de hemorróida e prisão de ventre. Elas passam a ter esses problemas controlados quando incluem o cogumelo na dieta.
C&T - Está comprovado cientificamente o poder de cura de alguns cogumelos?
Arailde - Isso é comprovado cientificamente não só em países como o Japão, que realiza estudos sobre cogumelos medicinais há muitos anos, quanto China, Estados e alguns países da Europa, que vêm desenvolvendo ou acompanhando esse tipo de estudo. Pesquisadores já verificaram por meio de testes realizados com animais e com seres humanos a eficiência do cogumelo no tratamento de diversas enfermidades, inclusive o câncer e a Aids.
C&T - Divulgar o poder de cura e o valor nutritivo dos cogumelos e incentivar sua inclusão na dieta são alguns dos objetivos do simpósio internacional que se realiza de hoje até o dia 8 de dezembro, em Brasília?
Arailde - Queremos também divulgar a técnica chinesa que usa capim no cultivo de cogumelo, ao invés de tora e serragem. Além disso, há o objetivo de promover o intercâmbio científico e tecnológico entre o Brasil e os países participantes. E esperamos que isso contribua para incentivar a população local a fazer uso dos fungos comestíveis na sua alimentação. Todos os países que foram convidados fazem uso de cogumelo, seja na dieta ou na medicina, há muito tempo. Na China, por exemplo, o cogumelo faz parte da medicina tradicional chinesa. Os chineses o consomem, como medicamento, há mais de dois mil anos. O Japão também consome cogumelos há milênios, o Vietnam, o Iraque, o Canadá, a Austrália e a Argentina, convidados para o evento, também o consomem há vários anos. Há pesquisadores, nesses país, que publicaram trabalhos científicos comprovando a eficiência de seus princípios ativos no combate a diversas enfermidades. Mas, outro objetivo igualmente importante desse simpósio é inserir o Brasil no contexto mundial do mercado de cogumelo, ou seja, no mercado de exportação. O maiores importadores são Japão e Estados Unidos. Por isso, queremos mostrar que produzimos linhagens de boa qualidade e que temos vantagens climáticas que eles não têm.
C&T - Quais as espécies mais cultivadas no país?
Arailde - O maior número de produtores está concentrado no Sul do país. Eles cultivam o Champignon de Paris, em primeiro lugar, o Cogumelo do Sol, em segundo, o Shitake em terceiro e o Shimeji, em quarto, em termos de produtividade. Acho que são poucos os produtores. Em Brasília, por exemplo, onde está sediada a Embrapa e o Cenargen, há no máximo 10 produtores. Poderia haver muito mais porque a demanda está aumentando, principalmente devido a procura pelos cogumelos medicinais. E esses produtos ainda são caros no mercado.
C&T - No simpósio há várias palestras que vão abordar os casos de sucesso do uso de cogumelo no tratamento de doenças. Que experiências poderiam ser exemplificadas?
Arailde - Por exemplo, o professor Ricardo Veronesi, que é médico infectologista, tem uma experiência longa com seus pacientes, usando o cogumelo no tratamento, fazendo testes, comparando inclusive os resultados com o tratamento tradicional, depois do uso de cogumelos. Jorge Laerte Gennari, que é ginecologista-oncologista, já fez estudos no Japão e nos Estados Unidos, acompanhando pesquisas com cogumelos medicinais, especialmente sobre o Cogumelo do Sol. Ele atua nessa área há seis anos e tem experiência com pacientes seus portadores de câncer que fizeram tratamento com cogumelo e que foram curados. Inclusive os trabalhos de Gennari, com o protocolo seguido, já foram publicados em revistas internacionais.
C&T - Quanto aos temas tecnologia e meio ambiente, em discussão no simpósio, o que será apresentado?
Arailde - Há pesquisadores que vão falar do Cogumelo do Sol, do Cogumelo do Rei, do Champignon de Paris, do Pleurotus, do Shimeji, e de outros fungos, principalmente de uso nutricional. Eles falarão dos experimentos densenvolvidos nos seus países. São técnicas e metodologias modernas. Tem um pesquisador da Austrália, por exemplo, que cultiva cogumelo usando resíduos orgânicos, inclusive os florestais, somando com a técnica chinesa que usa o capim. Ele vai falar sobre cultivo de cogumelos usando restos orgânicos de girassol, casca de girassol, restos de café, borra de café, semente de café, como substrato. Ou seja, é o reaproveitamento de resíduos orgânicos, vegetais, na produção de cogumelo. Vai ser um somatório de experiências de pesquisadores, de modo que atenda o produtor. Na área ambiental, como a técnica é voltada para o campim, que é uma espécie de ciclo curto, o produtor de cogumelo evita a destruição de árvores. Afinal, o capim tem um ciclo de quatro meses, enquanto a árvore necessita de oito a dez anos, no mínimo, para que seja retirado seu tronco. As espécies mais usadas são eucalipto e pinheiro. E tem mais, o capim é reaproveitável, rebrota, produzindo novo capim, sem necessidade de arrancar a planta. Por outro lado, o cogumelo tem uma fantástica capacidade biodegradora por se reproduzir justamente em restos de madeira morta, proveniente de florestas devastadas, ou caídas no chão. Os cogumelos também vivem em simbiose com árvores vivas. É o caso dos fungos micorrízicos, que ajudam a degradar o resíduo produzido pela enzima das árvores. Há fungos que ajudam árvores a retirar alimento do solo, porque têm o que chamamos de rizóides, estruturas que lembram raízes e, por isso, penetram no solo, absorvendo os nutrientes e transferindo esse material para a planta. A planta retira os nutrientes, por osmose. E vice-versa, a planta também fornece alimento para o fungo. Quando se desenterra raízes de eucalipto, encontra-se um cogumelo medicinal muito importante, que tem essa função micorrízica.
C&T - Quais as espécies mais usadas na área medicinal?
Arailde - No Brasil, é o Cogumelo do Sol e o Cogumelo Rei, embora não haja nenhum produtor no nível comercial de Cogumelo Rei. A matéria-prima vem da China e dos Estados Unidos. Há farmácias de manipulação, de São Paulo, que encapsulam ou preparam o xarope e, assim, é distribuído para várias farmácias do Brasil. Se houvesse produtores aqui, esse material iria ser manipulado por várias farmácias e repassado para o consumidor final a um preço mais barato.
C&T - Como é a técnica do cultivo de cogumelo que utiliza o capim?
Arailde - É de fácil manejo. A técnica chinesa consiste em preparar o substrato de cultivo, com capim, farelo de uma gramínea como trigo, arroz ou sorgo, e misturar com gesso agrícola e água. Pode ser acrescentada a serragem, dependendo do cogumelo. Se ele é do tipo que se desenvolve na árvore, ou seja, lignícola, é necessário usar um pouco de serragem, de pinus ou eucalipto, para garantir uma maior produção. Mas o cogumelo Shitake, por exemplo, pode ser produzido só com o capim. É preciso um ambiente escuro, para multiplicar as "sementes". O cogumelo é desenvolvido em meio a sementes ou grãos de sorgo, trigo ou milho, misturadas com carbonato de cálcio e gesso. O fungo é colocado nessa mistura em vidros ou em saquinhos. Quando estiver totalmente branco, ou miceliado, como dizemos, transferimos fragmentos para o saco plástico que contém o substrato final, que leva a gramínea. Em seguida, esse material é levado a uma sala escura, para o fungo crescer e, depois, para um ambiente mais claro, para que haja a produção de fato. Normalmente, os produtores cultivam cogumelo em galpões, cobertos com tela ou sombrite, nas laterais, para evitar que haja introdução de insetos e excesso de chuva. Na parte superior, a cobertura é de papel usado na fabricação de embalagem de leite, o Tetra Pak. Isso é para controlar um pouco a luminosidade. Em lugares secos como Brasília, em épocas de estiagem, é preciso colocar sistema de irrigação por aspersão porque o ambiente precisa ter de 80% a 90% de umidade. Um sistema desses não é caro.
C&T - Há outra vertente de seu trabalho, que lida com a análise de risco da entrada de espécies exóticas no território brasileiro, os chamados processos de quarentena. Como é lidar com o lado oposto da questão, ou seja, na medida em que você está em busca de fungos que são maléficos ao ambiente? Que casos mais marcantes você relataria?
Arailde - Sou pesquisadora-micologista do Laboratório de Quarentena Vegetal do Cenargen e trabalho com fungos desde 1967. Na Embrapa, estou desde 1975. Um dos objetivos desse laboratório é impedir que um patógeno exótico, ou seja, que não exista no Brasil, entre e venha disseminar e destruir toda uma cultura. Nesse período, acredito que já colaborei para impedir que entre 30 a 40 espécies exóticas de fungos entrassem no país. Desses exemplos, o que mais repercurtiu, inclusive na imprensa, escrita e falada, foi o do fungo Tilletia controversa, que causa perdas na plantação de trigo. Nós evitamos que um carregamento de 60 mil toneladas, aportado em Santos, fosse liberado. Constatei que havia o patógeno exótico e se a carga fosse liberada iria disseminar o fungo, causando prejuízos incalculáveis. Esse fungo prejudica os grãos. A planta fica raquítica, não cresce normalmente e quando consegue reproduzir as espigas, são espigas já danificadas. O produtor certamente não vai colher nada num quadro desses. Isso foi há cerca de quatro ou cinco anos. Emiti, então, um laudo, muito comentado na época e o material foi devolvido para Alemanha. Aconteceu também em 1979, de um material aportado, era trigo e estava contaminado com Tilletia indica. Esse carregamento foi destruído no Rio Grande do Sul. A identificação foi feita pelo Centro Nacional do Trigo e a presença do fungo confirmada por mim. Cheguei a ir até lá para isso. São exemplos marcantes de como se evitou uma catástrofe agrícola.
C&T - Casos como o da Tilletia controversa criam polêmica porque o importador não se conforma que um laudo científico possa impedir que ele receba um material já encomendado. E isso termina por repercutir na imprensa. O que falta para que a sociedade entenda a importância de um trabalho tão importante, com reflexos inclusive na economia?
Arailde - A pessoa que importa está preocupada se, por exemplo, ela vai deixar de fazer pão porque o trigo não chegou ao destino e não há preocupação com o que pode acontecer na agricultura brasileira de um modo geral. O que está em cheque é o lado pessoal. O importador pensa algo assim: importei não sei quantas mil toneladas e que esse material vai ficar parado no porto, onde pago mais a cada dia a mais que a carga fica ali? Ou seja, o receio é o de perder dinheiro.
C&T - É um pensamento estreito, não? Afinal, as perdas para a agricultura podem ser muito maiores em números, prejudicando o país como um todo.
Arailde - Falta consciência, talvez por falta de conhecimento nessa área. As pessoas não acreditam que um simples fungo, aquele patógeno que nós, pesquisadores, enxergamos, vá destruir toda uma cultura e, mais, que pode se propagar através da chuva, do vento, por meio de outros insetos, de ferramentas usadas pelo homem. Um agricultor, por exemplo, pode estar transportando estruturas de propagação. As pessoas desconhecem essa realidade e não aceitam que um microorganismo, que só se enxerga na lupa de um microscópio, vá causar tanto dano à uma cultura. Talvez seja falta de conhecimento ou de entendimento do que pode acontecer ao vegetal.
C&T - Qual o microorganismo que passou despercebido e se disseminou nas culturas brasileiras?
Arailde - São vários. Um exemplo é a ferrugem do café. Há quem acredite que a contaminação tenha sido aérea. O material teria vindo da África e contaminado a Bahia e, depois, outros estados brasileiros. Mas há exemplos de pessoas que foram causadoras da contaminação. Um marcante é o caso de um pesquisador de São Paulo, que foi desenvolver sua tese de mestrado nos Estados Unidos e, na volta, trouxe com ele, o bicudo do algodoeiro. Ele tinha na bagagem material de algodão, como sementes, folhas, que estava contaminado com o inseto. Havia larvas no material e, quando ele colocou no campo, em Campinas, os insetos foram se multiplicando, destruindo primeiramente todos os algodoais de São Paulo, depois os do Espírito Santo, até atacar todas as plantações até a Paraíba. O prejuízo, na época, foi incalculável.
C&T - Quem traz um material para a pesquisa costuma estar bem intencionado, mas prova que é preciso regras para a entrada de material vegetal e animal?
Arailde - Essas regras existem e têm que ser respeitadas. Há bactérias, não só fungos, que tem sido introduzidos por pessoas que acham o material de fora não vai proliferar. Com isso, são destruídos milhões de hectares daquela cultura, provocando perdas irreparáveis. Certos patógenos desenvolvem o que nós chamamos de estrutura de resistência. Eles ficam como se fosse hibernando, latente, até que encontrem condições climáticas favoráveis. Então, se propagem e destroem a cultura.
C&T - O fungo da Sigatoka Negra, doença que ataca os bananais, também foi introduzido ou a contaminação ocorreu por vias aéreas como desconfiam alguns pesquisadores?
Arailde - Eu identifique a presença da Mycosphaerella fijiensis, que causa a Sigatoka Negra. O material foi identificado na Embrapa Amazônia Ocidental. O fitopatologista de lá me requisitou porque a doença estava causando problema naquela região circunvizinha do estado do Amazonas. Depois que confirmei a presença em material enviado por ele, fui até lá, onde dei curso sobre como identificar o fungo. Infelizmente, quando ele mandou o material, o fungo já tinha atingido até a região amazônica presente no estado do Mato Grosso. Soube que foi uma pessoa que trouxe o material de um país vizinho, e plantou as mudas contaminadas.
C&T - O que falta para evitar que os fungos entrem, mais vigilância, campanha de esclarecimento?
Arailde - Em primeiro lugar, é preciso mais vigilantes sanitários. Porque não basta ter pessoas especializadas que saibam identificar esses patógenos em portos e aeroportos, quando o número é reduzido. Sabemos que nosso país faz divisa com vários países e, por isso, fica muito fácil a entrada de material, sem a fiscalização adequada, por falta de agentes da área fitossanitária, que possam controlar isso. Então, não culpo nem a pessoa que entra com o fungo, porque pode nem ter o conhecimento disso. Há um certo controle, de toda forma. Quando se viaja de um país para outro, é obrigatório o preenchimento de um formulário, declarando que não leva muda, planta, fruta, enfim, qualquer alimento perecível na bagagem.
C&T - Produtos industrializados também oferecem ameaça?
Arailde - Não. Em geral, produtos industrializados podem ser transportados. Por exemplo, caixa de chocolate, café. Sempre quando viajo para o exterior, levo café, porque não estou acostumada ao produto de lá. Até um doce de fruta pode ser levado. O que não pode são frutas, legumes, sementes, plantas, carne, frango, flores. Nada disso pode ser transportado porque a pessoa pode estar levando um inseto vetor ou fungo, que podem ser prejudicial.
C&T - Há cogumelos comprovadamente tóxicos ao homem. Há como diferenciar o tóxico daquele que é comestível?
Arailde - A olho nu, é muito difícil separar. Existem características ou particularidades muito peculiares. Dizem, por exemplo, que se o cogumelo é muito colorido, é venenoso. Quando tem um odor fétido, quanto é muito mole, ou muito úmido também. Mas existem espécies de cogumelos do mesmo gênero, que são semelhantes na morfologia, e uma das espécies é venenosa e a outra é comestível. Então, é preferível a pessoa que não conhece, não consumir, mandar para alguma instituição de pesquisa, a alguém que saiba identificar, para evitar uma fatalidade. Existem diferenças, mas não são diferenças que descartam a possibilidade da toxicidade. As diferenças vão auxiliar o pesquisador a identificar o cogumelo, vai ser uma ferramenta, mas não conclusiva.
C&T - Há fungos que vivem em áreas cultivadas normalmente e que são prejudiciais?
Arailde - Sim, no tomateiro, por exemplo. Existem algumas espécies de fungo que só se reproduzem em tomate, ou na mesma família, como o pimentão e a beringela, que pertencem à mesma família botânica. Há um fungo que ataca só essas três plantas. Há outros que atacam só um hospedeiro. É o caso da Tilletia indica que ataca o trigo. A ferrugem da goiaba só ataca goiaba. Existem fungos mais agressivos, que têm raças fisiológicas diferentes, são altamente virulentos e outros fracos, que não causam dano algum. Há produtos para controlar esses fungos, mas depende de onde se desenvolveu. Quando cresce na parte aérea, ou seja, nas folhas ou no caule, é um determinado produto. Quando ataca da raiz até o caule, é outro produto. O que ataca toda a extensão do caule é o mesmo que afeta a raiz, logo o produto usado é o mesmo. É o fungicida sistêmico. Existem produtos usados para tratar só sementes, que foram colhidas, mas foram contaminadas porque ficaram mal acondicionadas. O empresário que trabalha com semente tem que atentar para o fato de que, além de usar produto pra combater os fungos, tem que controlar as condições do local onde está armazenado o produto. Porque existem fungos que só afetam aquele produto quando o local em que está guardado está inadequado, ou muito úmido ou com temperatura elevada. Existem fungos existentes no ar atmosférico e esses fungos podem vir a causar dano nas sementes. Veja o exemplo, se eu pegar um placa e colocar meio artificial de laboratório, abrir e fechar em 10 minutos, vou ter uma placa contaminada com fungo depois de três a quatro dias. Isso prova que há fungo no ar.
C&T - Há controle biológico eficiente para fungo?
Arailde - Existem algumas ervas daninhas e bactérias que controlam determinados fungos. Tem também fungos que controlam outros fungos. O fungo saprófita se alimenta do fungo parasita e não causa prejuízo à planta. É o caso do abacaxi. Tem um fungo chamado Fusarium, que causa a doença chamada fusariose, que provoca lesões pretas de onde sai uma resina, aquilo é o fungo. Mas ao mesmo tempo, existe um fungo de solo chamado Trichoderma, antagonista ao Fusarium, porque inibe seu crescimento. Existem pesquisas com os dois fungos, para controlar o patógeno.