Fernando Henrique destaca acordo-base como conquista do encontro do Mercosul

06/12/2002 - 17h20

Brasília, 6/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou hoje, no encerramento da XXIII Reunião do Conselho do Mercado Comum do Sul (Mercosul), que a conquista mais importante do encontro foi o acordo-base de referência que irá permitir a integração comercial entre o grupo Andino e o Mercosul.

Segundo o presidente, "esta era uma antiga aspiração de todos nós". Fernando Henrique considera que o acordo demonstra não somente interesse na preservação e reativação do Mercosul, mas também capacidade negociadora dos países sul-americanos. O presidente disse que o acordo em questão irá permitir que o comércio da região flua mais facilmente e possibilite também que os países dos dois blocos – Mercosul e Andino – criem fontes próprias para financiamento de atividades de investimento.

De acordo com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, o acordo entre o blocos poderá gerar resultados imediatos. Na próxima semana, técnicos brasileiros irão ao Peru para discutir um acordo automotivo que, caso seja firmado, poderá ser celebrado como o mais rápido acordo comercial após o estabelecimento de bases favoráveis. "Nunca vi fechar acordo de livre comércio em espaço de tempo tão exíguo, mas se existe determinação dos dois lados, é possível", comentou.

Sérgio Amaral justificou seu otimismo afirmando que a ida de Fernando Henrique Cardoso à inauguração de uma estrada ligando o Acre ao leste do Peru, no próximo dia 20, é fator que contribui para a possibilidade de êxito de acordo com o pais vizinho. "Quando temos uma ocasião assim, isso força a negociação a andar mais rápido", explicou.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em conjunto com a Corporação Andina de Fomento (CAF), financiará parte da iniciativa de integração entre os dois blocos.

Outra instituição financeira que subsidiará os acordos será, na parte brasileira, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Foram três meses de discussões que geraram esse convênio entre a CAF e o BNDES, pelo qual a CAF vai reforçar por meio de mitigação de risco, via financiamento de joint-venture ou dos gastos locais, os financiamentos do BNDES nas grandes obras de engenharia, por exemplo", informou o ministro.

Para Fernando Henrique a série de atos, acordos e atividades do Mercosul com o grupo Andino está criando também aquilo que mais interessa: "o espírito comunitário, de entendimento e sempre sustentado pela democracia". De acordo com o presidente, as instituições integradoras não se resumem ao comércio, vão muito além disso. "Tem a ver com uma série de atividades de diferentes naturezas, como a interligação de estradas e dos sistemas de energia, gás e eletricidade", completou.

Outro fator ressaltado pelo presidente, que segundo ele norteou as discussões da reunião, foi o compromisso com a democracia. De acordo com ele, "a cláusula democrática é parte constitutiva" dos acordos do Mercosul, assim como de todos os acordos dos países sul-americanos. Fernando Henrique manifestou, ainda perante os chefes de Estado que participaram do evento, a confiança de que o futuro presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, continuará a dar apoio às negociações do Mercosul, afirmando que "a integração da nossa região continuará inabalável". Ele agradeceu, por fim, o reconhecimento de seus colegas sul-americanos às iniciativas do governo brasileiro em favor do Mercosul. "Levo a conta da amizade e generosidade", disse.