Brasília, 2/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - A Interpol - rede de polícia internacional - ingressou na era digital para a busca de informações e investigações de crimes. A informação foi dada pelo secretário-geral da Interpol, Ronald K. Noble, em entrevista coletiva, na sede da Polícia Federal, em Brasília. O órgão mundial, que coordena a ação da polícia de 181 países, utilizava ainda antigas máquinas de telex e o tradicional correio para trocar informações na procura de suspeitos. "Um alerta urgente levava quatro meses para chegar a todos os membros da Interpol", informou o secretário.
Com o novo sistema de troca de dados que será implantado no Brasil até julho do próximo ano, as mensagens urgentes serão processadas, traduzidas e enviadas aos países-membros em apenas um dia. "Todas as nações estarão conectadas a uma espécie de banco de dados, baseado na internet. Com isso, os países terão acesso on line a impressões digitais, fotos e até o perfil do DNA dos procurados por meio de qualquer computador, desde que a máquina tenha um software específico instalado e a autorização", explicou Ronald Noble.
As notícias de suspeitos procurados e pessoas desaparecidas eram enviadas pela Interpol através de linhas privadas baseadas no formato texto, e as fotos eram mandadas por e-mail ou até pelos correios. "Sob o novo sistema, uma informação poderá ser circulada em um dia, fazendo com que a Interpol se una ainda mais para ajudar a polícia do mundo a compartilhar dados importantes", frisou.
Para Ronald Noble, é mito dizer que os maiores criminosos do mundo se escondem no Brasil. "Se eu fosse fugitivo, não procuraria o Brasil, porque certamente eu seria preso", brincou. Segundo ele, o país prendeu 88 fugitivos internacionais entre 1999 e 2002, uma média de 22 criminosos por ano. Atualmente, existem 10.500 fugitivos sendo procurados pela Interpol.
De acordo com Noble, cerca de 40 países-membros queriam fazer parte do projeto piloto, mas a Interpol escolheu o Brasil para ser o primeiro país a testar o novo sistema. "Isso, porque o Brasil é o que mais contribui no envio de informações, e desde o 11 de setembro foi o país-membro que mais ajudou na busca de terroristas", contou, destacando que aqui existe uma força policial bastante atuante.
Ronald Noble comentou que o projeto foi criado no início do ano e aprovado em outubro no encontro anual da Interpol. "A idéia estava sendo estudada há muito tempo, mas só agora ela começará a ser implantada porque, antes, não havia nenhuma tecnologia adequada e nem uma segurança total na internet", explicou. Até o final de 2003, todos os outros países-membros terão acesso ao novo sistema de troca de dados. A Interpol fornecerá equipamentos como Hardware e software e o investimento previsto é de US$ 9,8 milhões.