Brasil e Argentina discutem em janeiro ações concretas para reconstrução do Mercosul

02/12/2002 - 16h04

Buenos Aires, 2/12/2002 (Agência Brasil - ABr) - O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Argentina, Eduardo Duhalde, agendaram hoje a primeira reunião oficial dos representantes dos dois países para discutir ações concretas de reconstrução do Mercosul. No dia 14 de janeiro, representantes dos ministérios das Relações Exteriores e da área econômica dos dois países têm encontro marcado para debater, entre outros assuntos, o estabelecimento de mecanismos comuns de coordenação de políticas macroeconômicas.

O deputado federal e senador eleito Aloizio Mercadante (PT/SP), que integra a comitiva de Lula nas viagens à Argentina e ao Chile, disse hoje que estes mecanismos são essenciais para fortalecer os países do Mercosul, no que diz respeito à estabilidade monetária, controle da inflação e crescimento econômico. A partir destas discussões, que se iniciam em 14 de janeiro, Mercadante acredita que será possível resgatar os ideais do Mercosul e aprofundar, de forma definitiva, a integração regional.

Além do encontro privado, de 40 minutos, entre Lula e Duhalde, membros da comitiva brasileira reuniram-se com representantes do governo da Argentina, na residência oficial de Olivos. Aloizio Mercadante disse que ficou claro, com a disposição de trabalho dos dois países, que o projeto do Mercosul vai além de qualquer governo e que a mudança de governo na Argentina, em abril próximo, não será obstáculo ao processo de fortalecimento do Mercosul.

O senador eleito por São Paulo ressaltou que as dificuldades econômicas atravessadas por Argentina e Brasil, que têm sofrido restrições de crédito externo, não vão diminuir a intenção dos dois países de aprofundar a integração regional. "A disposição de se contruir mecanismos de coordenação macroeconômica pode ser um passo muito importante para que esta seja uma
zona de estabilidade monetária", avaliou Mercadante.

Ele questionou a possibilidade de Brasil e Argentina estarem com suas economias melhores se os dois países tivessem desvalorizado suas moedas de forma coordenada. O senador eleito ressaltou que a perspectiva de uma coordenação macroeconômica, pelos países do Mercosul, dá mais segurança para investimentos externos, aumenta as possibilidades de estabilidade e
fortalece o compromisso com parâmetros que são fundamentais para o crescimento.

Aloizio Mercadante também levantou a necessidade de se aprofundar os mecanismos de integração comercial dos países do cone sul, de modo que o dólar passe a ser apenas uma referência, mas não necessariamente a moeda de troca nas negociações. "A Argentina sofre uma grave restrição de crédito comercial e o Brasil também teve uma redução das linhas de crédito internacional. A crise cambial abre a oportunidade de podermos aprofundar a integração comercial regional sem, necessariamente, ter o dólar como moeda de troca", argumentou.