Rio de Janeiro, 5 (Agência Brasil - ABr) - O embaixador José Alfredo Graça Lima, sub-secretário de Assuntos de Integração, Econômicos e Comércio Exterior do Itamaraty, preferiu ser cauteloso ao comentar as salvaguardas anunciadas hoje pelo governo americano às importações locais de produtos siderúrgicos. Ele teve acesso às medidas pelos jornalistas que o acompanhavam num seminário no BNDES e explicou que seria prematuro e irresponsável qualquer comentário sem uma análise mais profunda.
Segundo Graça Lima, o importante é analisar se houve alguma decisão violatória das normas de comércio mundial. Neste caso, disse, o Brasil não hesitaria em recorrer à OMC. Uma possível violação, afirmou, seria a adoção de salvaguardas por países e não por produtos. Exceção seriam os países em desenvolvimento que detêm parcela igual ou inferior a 3,25% no mercado americano.
Graça Lima, no entanto, não conseguiu avaliar se os países listados pelo comunicado do presidente George W. Bush se enquadram nesta situação. "O problema é que essa cláusula vale para um produto vendido nos Estados Unidos e, às vezes, o país acumula a participação em vários segmentos do setor siderúrgico", afirmou.
O embaixador evitou prever um possível contragolpe do governo brasileiro nas medidas americanas. No entanto, manifestou simpatia ao maior controle sobre as importações de aço feitas pelo Brasil. A medida cogitada para aumentar o rigor seria o fim do licenciamento automático feito online pelo Sisbex das compras de aço.
"Isso faz sentido, porque não é uma medida restritiva e permite o monitoramento dos desvios de comércio que podem ocorrer com os efeitos das salvaguardas americanas", disse Graça Lima, referindo-se aos produtos que hoje são vendidos em outras regiões do mundo e podem ser transferidos para o Brasil com o fechamento das fronteiras decorrente das salvaguardas americanas.