Daniel Lima*
Repórter da Agência Brasil
João Pessoa – Entre as discussões sobre a modernidade das mídias digitais e os impactos na sociedade, uma exposição analógica e com alguns dispositivos mecânicos chama a atenção dos participantes da Conferência Brasil-Canadá 3.0. A mostra itinerante Caatinga - Um Novo Olhar tem o intuito de apresentar as características do bioma, exclusivamente brasileiro. A exposição é uma iniciativa da Associação Caatinga.
Segundo Sandino Moreira Silva, biólogo e coordenador do projeto, o cenário que se concretiza no imaginário coletivo é uma região de pobreza, de chão rachado. "A exposição tem o objetivo de desmistificar isso. Mas a Caatinga tem outras coisas. A gente percebeu e percebe há muito tempo que existe uma carência de materiais, como publicações tecnocientíficas, artigos e conhecimento mesmo das pessoas”, explica.
A exposição é uma junção do projeto Caatinga Novo Olhar, que publicou um álbum de fotografias, e do projeto Caatinga Novo Clima, em parceria com a Petrobras. Com os dois materiais, Sandino explica que foi possível montar uma exposição de arte e voltada para a educação ambiental. Ele lembra que o bioma tem uma rica diversidade, com tecnologia sustentável e “um conviver harmônico”.
“São plantas e animais que muitas pessoas acreditam que desapareceram, mas estão lá e podem ser encontrados na Serra das Almas, por exemplo. Lá, é possível encontrar a onça parda, tamanduás, tatus, além de árvores de grande porte e pássaros, como os jacus”, disse.
A exposição mostra alternativas, como um forno solar e técnicas de coleta seletiva, difundida hoje em Crateús, no Ceará, onde está localizada a Serra das Almas. O projeto difunde ainda a criação da jandaíra, um abelha nativa do Brasil, que não tem ferrão e são dóceis, ao contrário das africanas e europeias, podendo ser criada no quintal de casa com potencial de ajudar na maior polinização de espécies nativas. Para fazer um passeio virtual, basta clicar no seguinte link: http://www.clarear.com.br/tendaitinerante/
“Como não está na cidade, muitas pessoas não sabem, mas a água que chega na cidade, por exemplo, vem da Caatinga. Se não tiver mata ciliar e florestas ao redor das nascentes, irá faltar água, que é um recurso básico e ninguém vive sem”.
É a primeira vez que a exposição sai do Ceará. Na Paraíba, já passou por Campina Grande e agora veio para a Conferência Brasil-Canadá 3.0. Ao todo, desde o início do projeto, em território cearense, os organizadores estimam que 50 mil pessoas já viram a exposição, incluindo em escolas. Os organizadores buscam parcerias para levar a exposição a vários lugares do Nordeste, que concentram o bioma Caatinga.
"Temos que mostrar que aqui não é só papo de seca. Ninguém quer que a gente olhe para cá e diga: coitado do povo do Nordeste. Aqui tem riqueza natural e cultural também”, defende Sandino Moreira Silva.
* O repórter viajou a convite da Associação Nacional para Inclusão Digital (Anid)
Edição: Carolina Pimentel
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