Inflação acumulada fica em menos de 6% pela primeira vez em 2013

09/10/2013 - 13h25

Vinícius Lisboa
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A queda de itens monitorados, como a energia elétrica, e a variação menos acelerada de produtos alimentícios no segundo trimestre de 2013 contribuíram para que a inflação acumulada em 12 meses chegasse, em setembro, a um patamar inferior a 6% pela primeira vez neste ano, avaliou a coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes.

"Isso ocorreu porque as taxas do IPCA [Índice de Preços ao Consumidor Amplo] estão menos fortes de julho para cá do que em igual período do ano passado, considerando os preços dos produtos alimentícios, que não estão exercendo uma função tão forte quanto a que exerceram naqueles meses. Estamos trocando taxas mais altas por taxas mais baixas no acumulado de 12 meses".

O índice acumulado no período de outubro de 2012 a setembro de 2013 foi 5,86%, contra 6,09% entre setembro de 2012 e agosto de 2013. A taxa do mês de setembro deste ano foi 0,35%, enquanto a do mesmo mês em 2012 ficou em 0,57%.

Entre os índices monitorados, cujas variações não se dão livremente de acordo com o mercado, Eulina destaca a energia elétrica e a passagem de ônibus como os que mais ajudam no controle da taxa.

"Para que a inflação atingisse um nível bem mais baixo nesses últimos três meses, certamente contribuíram muito os produtos monitorados, em particular a energia elétrica, que foi um alivio para o bolso do consumidor. Os ônibus urbanos também, porque se considerarmos de janeiro a setembro estavam com uma variação muito mais alta no ano passado do que estavam neste ano, em que a média está perto de zero".

Enquanto no ano passado os monitorados acumulavam 2,51% de inflação até setembro, neste ano a variação está próxima de zero. Segundo Eulina, mesmo os reajustes que costumavam ser feitos pelas companhias de abastecimento de água e esgoto no segundo trimestre ficaram abaixo do esperado desde as manifestações iniciadas em junho.

Na taxa de setembro, apesar disso, o IPCA cresceu em relação a agosto, puxado pelas passagens aéreas, que tiveram impacto de 0,08 ponto percentual no resultado final, de 0,35%. Para o aumento desse item, o dólar exerceu pressão nos custos das companhias, que também elevaram os preços com a maior demanda criada por eventos como o Rock in Rio e o Círio de Nazaré.

O impacto do dólar também foi sentido em outros itens do IPCA, como higiene pessoal, e puxou a alta do pão francês, que acumula 14,79% de inflação em 12 meses e subiu mais 3,37% em setembro. Como importador de trigo, o país teve impacto no preço pela alta da moeda americana no mês passado, assim como por problemas de safra na Argentina.

"O impacto do dólar também é bastante evidenciado nos preços dos eletrodomésticos, que subiram aliados a uma demanda forte dado o crédito do governo para a compra desses itens", acrescentou Eulina, referindo-se ao Programa Minha Casa Melhor, do governo federal.

Edição: Graça Adjuto

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