Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - O professor de engenharia elétrica do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia(Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), José Manoel de Seixas, disse que os pesquisadores brasileiros que integram a Organização Europeia de Pesquisa Nuclear (Cern) [Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire, na antiga sigla em francês] se sentem reconhecidos com o anúncio do Prêmio Nobel de Física de 2013 para os cientistas britânico Peter Higgs e belga François Englert.
Higgs e Englert receberam o Nobel pelo desenvolvimento de pesquisas sobre a teoria que explica como as partículas adquirem massa. A teoria que foi proposta de forma independente em 1964, e, em 2012, as pesquisas dos cientistas foram confirmadas a partir da descoberta de partícula identificada por Higgs em pesquisas em Genebra, na Suíça nos detectores Atlas (A Toroidal LHC Apparatus) e CMS (Compact Muon Solenoid), conduzidas no Large Hadron Collider (LHC) da Cern. A partícula foi batizada de bóson de Higgs, mas também é conhecida como a partícula de Deus.
“A decisão da academia sueca de dar os prêmios tem um componente fundamental na Cern, nos detectores Atlas e CMS, que finalmente viram que aquela partícula existia e comprovaram experimentalmente. Então essa é a sensação do pessoal experimental que claramente está contemplado neste Prêmio Nobel”, explicou, em entrevista à Agência Brasil, o professor que foi um dos primeiros brasileiros a integrar os grupos de pesquisa da Cern.
A parceria entre a Cern e a Coppe começou quando um grupo de professores do instituto visitou as instalações da organização na Suíça, em 1988, e passou a participar do projeto. Em setembro de 2008, a Cern acionou o maior acelerador de partículas construído até hoje, o LHC.
Segundo José Manoel Seixas, professores de seis universidades federais, entre elas a da Bahia, a de São Paulo, a do Rio de Janeiro e a Federal Fluminense, participam dos estudos do maior detector do LHC, o Atlas. Ele é operado por 3.800 pesquisadores em uma colaboração internacional de 38 países. A equipe brasileira é coordenada por Seixas e pelo professor do Instituto de Física da UFRJ, Fernando Marroquim.
“O Brasil está desde a primeira formação do Atlas quando foi feita a carta de intenções do experimento deste porte para o LHC. Nós temos uma participação bastante intensa. A parte de eletrônica foi feita aqui no Brasil, a partir de projeto da Coppe. É um conjunto grande de pesquisadores de físicos, engenheiros e informáticos. O Prêmio Nobel é uma alegria, mas é apenas um pedaço de caminho. O Brasil está como um ator importante e não coadjuvante nesse cenário eletrizante que é o trabalho com a Cern”, disse.
Para o pesquisador, os cientistas agora terão que se aprofundar para completar as pesquisas sobre o bóson de Higgs. “ O Cern e todos os institutos estão voltados para um programa de pesquisa e desenvolvimento de melhorias, tanto na máquina aceleradora, quanto nos aceleradores. Estamos envolvidos em projetos que tentam melhorar o Atlas, para em um processo que vai até 2023, atingir o máximo da máquina”, adiantou Seixas.
O professor Fernando Marroquim disse à Agência Brasil que soube com satisfação do prêmio sobre a descoberta da partícula de Higgs, que desde 1964 aguardava a comprovação. “É um grande feito da ciência. É sempre bom participar de um grupo de importância e de grande experiência. Estou bastante satisfeito de participar da experiência que comprovou a parte teórica”, contou.
Fábio Massalli
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