Vitor Abdala
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O Ministério das Relações Exteriores convocou na manhã de hoje (19) o embaixador britânico em Brasília, Alexander Ellis, para demonstrar a insatisfação do governo brasileiro em relação à retenção de David Michael Miranda por nove horas no Aeroporto de Heathrow, em Londres, ontem. A informação foi divulgada há pouco pelo chanceler Antonio Patriota.
Para Patriota, não há explicação razoável para o que ocorreu no aeroporto londrino. “Não há justificativa para o tratamento que foi dado a um cidadão brasileiro sobre quem não pesa qualquer suspeita de envolvimento com o terrorismo ou outra atividade ilícita, retido durante nove horas incomunicável. Esperamos que isso não se repita. Será muito importante transmitirmos isso de maneira muito clara ao governo britânico”.
Patriota também pretende conversar ainda hoje com o chanceler britânico, William Hague, sobre a detenção do cidadão brasileiro. Ele participou no Rio de uma cerimônia em homenagem a Sérgio Vieira de Mello, brasileiro que morreu há dez anos em atentado terrorista em Bagdá, quando chefiava a representação das Nações Unidas no Iraque.
Antes de conversar com a imprensa no Rio de Janeiro, Patriota havia criticado “desmandos e desvios” que vêm sendo cometidos em nome do combate ao terrorismo no mundo, em discurso durante o evento. O chanceler brasileiro disse que o combate ao terror deve respeitar o direito internacional.
O brasileiro David Miranda é companheiro do jornalista norte-americano Glenn Greenwald, que denunciou, em matérias publicadas no jornal britânico The Guardian, a estratégia de ciberespionagem do governo dos Estados Unidos. As reportagens foram baseadas em documentos fornecidos por Edward Snowden, ex-funcionário de uma empresa terceirizada que prestava serviços à Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA).
Greenwold disse hoje, na chegada de David Miranda ao Rio, que o episódio era uma forma de intimidá-lo. O brasileiro desembarcou cedo no Aeroporto Internacional Tom Jobim/Galeão. Ele contou que foi abordado no aeroporto de Londres por vários homens que lhe disseram que seria levado a uma sala para ser interrogado. “Fizeram perguntas sobre a minha vida inteira e ainda levaram o meu computador, o videogame, celular, máquina fotográfica e cartões de memória”, relatou.
Edição: Davi Oliveira
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