ONG promove no Rio manifestação contra morte de mãe e filha em confronto da PM com traficantes

17/08/2013 - 13h09

Douglas Corrêa
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - A organização não governamental (ONG) Rio de Paz, promove, hoje (17), uma manifestação na Favela Obrigado Meu Deus, em Costa Barros, subúrbio do Rio, onde nesta semana mãe e filha teriam sido mortas por um único tiro de fuzil durante operação policial do 41º Batalhão da Polícia Militar, responsável pelo policiamento na área.

A morte de Maria de Fátima de Jesus, de 52 anos, e de sua filha, Alexandra de Jesus, 24 anos, ocorreu quando a PM realizava uma operação contra o tráfico de drogas na comunidade. Segundo moradores, um bandido ligado ao tráfico na favela correu quando policiais à paisana teriam atirado na direção dele e atingiram mãe e filha. Alexandra estava com a filha de dois anos no colo. A criança não foi atingida. Em nota, a Polícia Militar confirmou que policiais à paisana do serviço reservado do batalhão (P-2), participaram da ação na comunidade.

A ONG, que luta contra a redução dos índices de homicídios no estado e está acostumada a fazer manifestações, na maioria das vezes, na Praia de Copacabana, mobiliza seus simpatizantes neste sábado "para dar voz a quem não tem", disse o coordenador do Rio de Paz, Antonio Carlos Costa.

Ele acrescentou que na manifestação as pessoas estarão com cordas enroladas no pescoço e ligadas umas as outras, como ocorria no regime da escravidão, "porque essas pessoas são escravas, são mercadorias baratas". Os manifestantes carregarão letras que formarão as frases “vida sem valor” e ''banalização do mal”, além de outras faixas e cartazes confeccionados pela própria comunidade.

O coordenador do Rio de Paz disse que esteve na comunidade nesta sexta-feira (16), onde gravou um vídeo com moradores para mostrar tudo o que aconteceu com mãe e filha. Alessandra foi atingida com um tiro na cabeça e a mãe com um tiro no peito. As duas, de acordo com o irmão gêmeo de Alessandra, Alex de Jesus, agonizaram na rua durante longo tempo até serem socorridas e levadas ao hospital, onde morreram.

Elas foram enterradas ontem e as armas usadas pelos militares já estão com a polícia. Segundo Alex, se ficar comprovado pela polícia técnica que as mortes foram provocadas por policiais a família processará o Estado". A manifestação ocorrerá, a partir das 16h, na Estrada de Botafogo, em frente à Igreja de Nova Vida, que dá acesso à comunidade.

Edição: Marcos Chagas

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