Daniel Mello
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Com 23 longa metragens, a 8ª Mostra Mundo Árabe de Cinema traz para a capital paulista a diversidade da produção do Oriente Médio. As revoltas que aconteceram nesses países – Primavera Árabe - nos últimos dois anos permeiam a temática de boa parte dos filmes, com um olhar diferenciado, voltado às pessoas comuns em meio ao turbilhão social e político. “Hoje, do ponto de vista das temáticas, com os acontecimentos políticos do mundo árabe e das chamadas primaveras árabes, todos os processos revolucionários, de ruptura, emerge muito uma temática das histórias individuais. Como os indivíduos se colocam nesses grandes processos?”, provoca um dos curadores do festival, Geraldo Campos.
Os filmes serão exibidos no CineSesc e no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Em setembro o festival segue para o Rio de Janeiro.
Ele acrescentou que as películas a serem apresentadas mostram as dinâmicas sociais em um momento de revolta e contestações desses países. Além disso, os filmes exploram os dilemas existenciais do dia a dia, suas questões familiares, amorosas, além de angústias pessoais, explica o curador sobre a construção de filmes como o documentário 52/25. A produção egípcia aprofunda em temas centrais para entender a Primavera Árabe no país e, por isso, deve, na opinião de Campos, atrair a atenção do público brasileiro. “Principalmente porque as pessoas estão tentando entender o que é a Irmandade Mulçumana, como está acontecendo esse processo no Egito”, se referindo a tendência política que venceu as primeiras eleições após a queda do regime de Hosni Mubarak.
O festival, que permanecerá até o dia 31 na capital paulista é constituído majoritariamente de documentários. O gênero é explorado de diversas formas e algumas obras discutem até que ponto o cinema representa a realidade e onde começa a ficção. “Há uma influencia do cinema verdade, aquele cinema de linguagem mais documental que mescla elementos” ressalta Campos.
A mostra apresenta produções renomadas, como o documentário Cinco Câmeras Quebradas, o primeiro filme palestino indicado ao Oscar. O curador explica que a obra fala “não só da questão palestina mas as próprias dificuldades da produção cinematográfica”. O diretor Emad Burnat e seu filho Jibreel Burnat virão ao Brasil para um conversar com o público que comparecer à mostra.
No ramo da ficção, um destaque é o argelino O Arrependido. O longa que foi exibido no Festival de Cannes, em 2012, fala sobre o processo de anistia aos rebeldes jihadistas – defensores da guerra santa a que todo muçulmano deve dar cumprimento para defender o Islã - no país. O filme foi dirigido pelo pelo veterano Merzake Allouache.
Edição: Marcos Chagas
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