Luciene Cruz
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Carlos Fávaro, minimizou hoje (29) a ausência de instalações adequadas para armazenamento da safra de milho. O produto está estocado a céu aberto em alguns municípios da região. Segundo ele, a quantidade de grãos que não recebeu o armazenamento adequado “não é significativa”.
“Tem sido difícil fazer o escoamento da supersafra, que cresce a cada ano e deixa a estrutura (de armazenagem) deficitária. Mas [o que sobra] não é uma quantidade significativa. Percorri a região durante o final de semana e verifiquei [o problema em sua real dimensão]”, disse. Fávaro disse que a produção de milho há dois anos era 7,5 milhões de toneladas. A expectativa de colheita para a próxima temporada é de cerca de 17 milhões de toneladas.
Nos últimos dias, produtores da região alegaram problemas para escoamento da chamada “safrinha” que ocorre durante o inverno. Após a colheita, parte da produção que deveria ir direto para os armazéns teve que ser estocada a céu aberto pela falta de espaço nos silos.
Segundo o presidente da Aprosoja-MT, o Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro), idealizado pelo governo federal, tem garantido o escoamento rápido da produção. O Pepro é um subsídio concedido ao produtor rural que se disponha a vender seu produto pela diferença entre o preço mínimo estabelecido pelo governo e o valor do prêmio equalizador arrematado em leilão.
Até o momento, ocorreram dois leilões de 1 milhão de toneladas cada um. A expectativa é que ocorram mais dois ou três leilões com a mesma quantidade, nos próximos dias. "O governo tem que continuar realizando esses leilões para garantir o escoamento da safra", comentou.
Para o superintendente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de Mato Grosso, Ovídio Miranda, o Pepro é o meio de ajudar a sustentar o preço do cereal para os produtores e garantir o escoamento para aliviar a pressão que a entrada da safra recorde no mercado exerce sobre a cotação do produto e sobre a falta de armazenagem. “Essa ajuda ocorre dos dois lados, ao garantir o preço mínimo e dar mais rapidez ao escoamento da produção excedente”, disse.
De acordo com Miranda, em alguns casos, o estoque a céu aberto é por “conveniência” do produtor, para minimizar os custos. “Muitas vezes, o milho colhido já está negociado: em vez de armazenar os grãos, o produtor coloca no pátio para reduzir os custos, que seriam dobrados. Também ocorre de o armazém estar com soja prestes a desocupar o espaço, que depois serviria de estoque para o milho.”
Apesar dessas ocorrências por “conveniência”, o superintendente da Conab reconhece que faltam armazéns na região. “Existe déficit porque a produção de milho é muito grande e cresce a cada ano”, explicou.
O presidente da Aprosoja-MT disse que o produtor estoca a céu aberto por falta de opção. "Ninguém quer colocar o milho a céu aberto por conveniência, correndo riscos. É por extrema necessidade", afirmou.
Edição: José Romildo
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