Fernanda Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – Aviões, helicópteros, submarinos e objetos surrealistas não identificados, suspensos do alto dos prédios do centro da capital paulista por cabos de aço, chamam a atenção de quem passa pelo cruzamento das ruas Álvares Penteado e da Quintanda, em frente ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). É a exposição Da Vincis do Povo, nome que faz alusão ao inventor Leonardo Da Vinci.
Do lado de fora do prédio, o educador Guilherme Furtado leva um grupo de visitantes a refletir sobre a inscrição no alto de um dos edifícios: Nunca Aprendeu a Pousar” – que remete a desejos e sonhos dos camponeses chineses que construíram as peças expostas. Um dos aviões, contou Guilherme, foi construído com o objetivo de transpor uma montanha na China, mas não conseguiu alcançar a altura suficiente e acabou se danificando na tentativa de cumprir a façanha. Recuperado agora, o pequeno avião faz a alegria dos visitantes de todas as idades. “Não são só as crianças que gostam, o adulto também sonha em voar”, disse o educador.
Do alto dos prédios, uma série de submarinos também desperta a atenção. Guilherme conta que um deles foi construído por um camponês que vivia em um lugar barulhento e sonhava morar embaixo das águas, onde os sons desagradáveis não chegam.
Dentro do CCBB e também do prédio histórico dos Correios, estão expostas mais de 60 engenhocas, como robôs que se movimentam, imitam pessoas, animais, insetos. Para Guilherme, os visitantes sentem-se motivados a virar também inventores. “Trabalhando aqui, já acompanhei grupos que vieram de lugares mais distantes, como um de Embu das Artes. Eles têm essa relação muito próxima [com invenções], perguntei a eles sobre algo que eu praticava na minha infância no interior, ir atrás de bambu para afinar as varetas e construir as pipas. Eles disseram que fazem isso ainda”, disse.
Rosinha Noronha é contadora de histórias e também se considera inventora. Com um bloco de papel na mão, ele aproveitou a exposição para desenhar rascunhos imitando as invenções e, depois, reproduzi-las em casa. As engenhocas que Rosinha pretende construir vão ilustrar as histórias que ela conta em escolas da periferia, onde trabalha como voluntária.
“Como eu conto historinhas para crianças, faço um monte de badulaques. Quando vejo algo fácil de fazer, eu mesma vou lá e faço igual. Eu começo a imaginar que isso poderia estar em determinada história”.
Toda a mostra faz parte da coleção do artista chinês Cai Guo-Qiang, que também traz telas de sua autoria 'pintadas' pela explosão da pólvora. Ao lado das obras, vídeos explicam aos visitantes como foi o processo de criação de cada uma das peças. “O que eu mais gostei de ver aqui foram os vídeos de como ele [o autor] faz o painel, colocando pólvora, fogo e sai a pintura, muito legal. Fiquei encantada, muito bonito”, disse Rosinha Noronha.
A exposição, que é gratuita, já passou por Brasília, onde foi vista por mais de 300 mil pessoas. Na capital paulista, termina no dia 23 de junho e segue para o Rio de Janeiro entre 21 de julho e 20 de setembro. O horário no CCBB, de terça a domingo, é das 9h às 21h. No prédio dos Correios (Avenida São João, sem número, Vale do Anhangabaú) é das 9h às 18h, de segunda a sexta, e das 9h às 17h, sábado, domingo e feriados.
Edição: Graça Adjuto
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