Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Pesquisa feita com 2 mil jovens entre 15 e 28 anos, moradores das comunidades da Cidade de Deus, na zona oeste do Rio; da Rocinha, na zona sul; da Penha, do Complexo do Alemão e de Manguinhos, do subúrbio, apontou que 90% deles têm acesso a internet e às mídias digitais.
O trabalho faz parte do projeto Solos Culturais, criado em 2011, numa parceria do Observatório de Favelas com a Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro e patrocínio da Petrobras. "Nos cinco territórios mais de 90% dos jovens tinham acesso à internet, e não só acesso, mas um acervo próprio a partir da internet. Os jovens fazem muito download, baixam muito conteúdo cultural de texto, de vídeo e de áudio. O acesso a algumas tecnologias foi capaz de trazer para estes territórios uma produção cultural", explicou o produtor executivo do Solos Culturais, Gilberto Vieira.
A pesquisa foi feita, em 2012, por 100 jovens da mesma faixa de idade, que também moram nas comunidades e participam do projeto Solos Culturais. Eles são chamados de solistas e estão recebendo hoje (27) os certificados de formação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Durante um ano tiveram aulas e diversas atividades."Essa formação foi múltipla e variada, por meio de professores da UFRJ, UFF [Universidade Federal Fluminense], pesquisadores e por outros jovens que vieram para colaborar. A maioria dos professores veio das áreas de comunicação, de artes, história, geografia", contou Vieira.
Na cerimônia de formatura, ocorrida às 17h, na Biblioteca Parque de Manguinhos, subúrbio do Rio, foi lançado o livro que é resultado da pesquisa feita pelos solistas nestas comunidades, para identificar como os jovens se envolviam com processos culturais nos locais onde viviam. Segundo Vieira, o livro é uma compilação metodológica e de produto sobre o processo do qual os jovens passaram no projeto Solos Culturais.
As comunidades, segundo Vieira, foram escolhidas a partir de uma necessidade do Observatório e da Secretaria e algumas delas já estavam incluídas em áreas pacificadas pelas forças de segurança da cidade. "Isso era importante, mas também outras como Manguinhos e Rocinha tinham equipamentos da secretaria de cultura como bibliotecas, parque, então, era lá que os jovens tinham as aulas" esclareceu.
O livro será distribuído gratuitamente. No próximo mês deve estar nas bibliotecas públicas das instituições parceiras. "A vontade é que esse livro seja difundido como metodologia, mas que também a gente consiga transformá-lo em outros produtos", estimou.
De acordo com Vieira, o Observatório quer transformar o material de práticas culturais em guia de cultura das favelas. "A gente está com vontade de traçar esses espaços mapeados, esses lugares como o bar, o coletivo de teatro, o cineclube e colocar em um guia que seja mais palatável ou plataforma na internet." revelou.
Edição: José Romildo
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